Os percalços da mulher na sociedade : o Bildungsroman feminino em As Três Marias de Rachel de Queiroz

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: SANTOS, Clara Batista dos
Orientador(a): OLIVEIRA, Karine da Rocha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Letras
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/50600
Resumo: Este trabalho buscou refletir sobre a condição da mulher na sociedade a partir do Romance, As Três Marias (1939), da escritora Modernista, Rachel de Queiroz. Para tanto, analisamos como ocorre a formação da mulher a partir do conceito de Bildungsroman, bem como sua variação feminina a partir dos conceitos de Pinto (1990), Maas (2000) e Coqueiro (2014). Analisamos as diferenças sociais comuns aos gêneros, como também os entraves enfrentados pelas mulheres escritoras do século XX. Tratamos de uma variante do romance e visitamos os estudos de Bakhtin (1997), Lukács (2000), e Todorov (2009) os quais – ao analisarem as circunstâncias locais e sociais das épocas – conectam literatura aos estudos históricos e, dessa forma, a vida do herói à realidade. Antes de focar nossa análise no romance pretendido, observamos escritoras, como as irmãs Brontë e Virginia Woolf, para as discussões sobre mulher e ficção, bem como algumas escritoras brasileiras, como Maria Firmina dos Reis e Júlia Lopes de Almeida, que tiveram suas obras silenciadas por serem mulheres. A partir disso, pensamos como as questões de gênero norteiam as trajetórias das escritoras e como isso é percebido nas personagens femininas e nas suas mudanças interiores. O Romance de Formação Feminino carrega as marcas do patriarcado e, nessa perspectiva, analisamos como acontece a formação das personagens femininas no romance brasileiro, especificamente na narrativa de Rachel de Queiroz. Além disso, o texto aponta como se dá a educação feminina dedicada em preparar a mulher para a vida familiar. Para tanto, analisamos a gênese do patriarcado no Brasil, a partir da formação econômica de base açucareira e escravista, em que o homem era a força máxima desse sistema. Para entendermos o contexto histórico, recorremos aos estudos históricos realizados por: Bloch (2001) Acordi (2007), MAIA, (2007), Schwarcz, Starling, (2015), Fraccaro (2018) e Esteves (2020). Visitamos, também, as legislações que, por muito tempo, colocavam a mulher como propriedade de uma figura masculina, não lhes dando possibilidades além do casamento, e as que tentavam a subversão sofriam o abandono social. Em As Três Marias, investigamos essas questões a partir do encontro de experiências das três meninas após ingressarem em um colégio interno, como também seus caminhos quando adultas. Por ser ambientado em um espaço educacional repleto de julgamentos e exclusões, torna-se possível analisar os percalços enfrentados pela mulher diante das concepções sociais tradicionais. O ambiente externo ao Colégio mostra como essas convenções não se restringem ao ambiente educacional. No tocante aos estudos sobre a condição da mulher na sociedade, atendemos às concepções de Simone de Beauvoir (1967), Hollanda (2012) (2022), dentre outros teóricos que levam essas reflexões para o campo literário.