Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
VERAS, Daniele Siqueira |
Orientador(a): |
FERREIRA, Sandra Patrícia Ataíde |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39052
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Resumo: |
Viver em um mundo de vastos componentes visuais em meio a imagens produzidas e compartilhadas de forma contínua e dinâmica, e, além disso, realizar a leitura dessas imagens se tornou essencial na contemporaneidade. No caso das pessoas cegas, ler imagens é ter acesso ao mundo imagético através de outros caminhos, em se tratando dessa pesquisa, o acesso através do tato, realizando um caminho diferente da leitura de imagens, para além do esperado. Este trabalho se propôs a apreender como cegos congênitos compreendem imagens a partir de recursos táteis. Para alcançar este objetivo, aporta-se na perspectiva histórico-cultural de Lev Vigotski e nos Fundamentos da Defectologia do mesmo autor para discutir o desenvolvimento da pessoa cega. Participaram da pesquisa dois cegos congênitos, estudantes da rede pública, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, correspondente aos anos finais do Ensino Fundamental. O caminho metodológico caracterizou-se pela realização de entrevistas individuais e sessões de leitura. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com cada sujeito: uma entrevista inicial, outra após a leitura de cada material adaptado e uma entrevista final. As sessões de leitura foram realizadas com um total de três imagens adaptadas com recursos táteis – o Material Adaptado 1 com a imagem em relevo, o Material Adaptado 2 com a imagem em 3D e o Material Adaptado 3, com a imagem em pontilhado. Como base para a produção dos materiais adaptados e escolha das imagens, foram realizadas pesquisas nos livros didáticos usados pelos alunos nos anos/séries equivalentes, com foco no livro de Ciências, presumindo-se de que é uma disciplina predominantemente imagética. Tanto as sessões individuais de leitura como as entrevistas foram videogravadas e transcritas a posteriori. Como proposta de análise de dados, foi utilizada a perspectiva de Núcleos de Significação (Aguiar, Ozella; 2006; 2010; 2015), baseada na teoria de Vigotski, para as entrevistas com os participantes, e para a análise das leituras de imagens adaptadas, foram utilizadas as categorias teóricas sobre a leitura de imagens baseadas nas teorias de Jolly (2007) e Santaella (2012). Os achados apontam para a influência da história do sujeito como leitor e de seu conhecimento prévio sobre a compreensão das imagens táteis nos momentos de leitura, bem como as experiências anteriores com adaptações táteis. O Material Adaptado 3, em pontilhado, foi aquele que os sujeitos apontaram como o que proporciona melhor leitura, enquanto o Material Adaptado 1, em alto relevo, foi identificado como o mais difícil de realizar a leitura através do tato e de compreender os elementos presentes na adaptação. Além disso, é nítida a influência da experiência com a leitura textual, o caminho que se percorre ao ler o texto coincide também ao realizar a leitura da imagem em alguns momentos, como por exemplo: a leitura dos materiais adaptados sendo realizada da esquerda para direita, à procura de elementos chaves para a compreensão da leitura e guias para a exploração das outras partes da imagem, como seria no texto escrito. Com isso, entende-se a importância do acesso à imagem pela pessoa cega por diferentes formas de adaptações táteis, uma vez que, como identificado neste estudo, o material que os sujeitos apresentam mais facilidade é o que é mais apresentado na escola, ou seja, como afirma Vigotski, o cego amplia a sua capacidade de leitura quando tem mais experiência. Portanto, é importante a estimulação da leitura de imagens e da percepção tátil desde os primeiros anos de vida, perpassando pelos anos escolares, não apenas por meio de adaptações artesanais, mas através de caminhos alternativos que permitem (re) pensar sobre novas possibilidades de acesso ao conteúdo imagético. |