Conceptualizações da realidade: a construção cognitivo-discursiva do evento impeachment/golpe no discurso jornalístico
Ano de defesa: | 2019 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Letras |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/33925 |
Resumo: | Desde a eclosão da denúncia de crime de responsabilidade em 2015, até a destituição da presidenta Dilma Rousseff em 2016, investigamos a disputa discursiva que se deu em torno da estabilização das conceptualizações golpe e impeachment no discurso jornalístico. As conceptualizações golpe e impeachment, além de significar o evento de modo distinto, apresentam posicionamentos políticos e ideológicos que podem (des)legitimar atores, ações e grupos sociais. Defendemos, neste estudo, a articulação entre a Análise Crítica do Discurso (ACD) e a Linguística Cognitiva (LC), uma vez que essa articulação proporciona tornar visível a interface cognitiva entre discurso e sociedade, a partir das mesclagens conceptuais. Desse modo, essa articulação possibilita métodos analíticos para mapear as ideologias e observar “modos de conceptualizar” as situações socialmente situadas. Portanto, tanto a ACD quanto a LC contribuem para uma análise discursiva e cognitiva e nos oferece uma visão ampliada sobre os processos de significação, os quais constroem/ativam modelos mentais, reproduzem ideologias e apontam as relações de poder. Ademais, explicitamos o poderoso papel institucional que o discurso jornalístico exerce nos processos de (des)legitimação e na estabilização de sentidos sobre o evento no tempo e no espaço. Nessa perspectiva, este estudo apresenta uma discussão sobre a construção cognitivo-discursiva das conceptualizações do evento impeachment/golpe, uma vez que tal construção (des)legitima perspectivas sobre a realidade. Para fundamentação teórica, retomamos estudos da Análise Crítica do Discurso e da Linguística Cognitiva. Sobre os estudos do Discurso, discutimos as perspectivas de van Dijk (2000; 2006; 2012; 2012a; 2014), Fairclough (2001), Wodak (2006), Dirven (2007), Falcone (2008; 2015), entre outros. Sobre os estudos da Cognição, salientamos os pressupostos teóricos de Langacker (1987; 1998; 2000; 2008), Fauconnier, (1994; 1997; 2009), Fauconnier e Turner (1996; 2002), Silva (1997; 2004; 2006; 2006a; 2013), entre outros, pois compreendemos que o ato de conceptualizar as coisas do mundo nos indica uma possibilidade de investigar os sentidos formulados pelo discurso jornalístico. A metodologia utilizada possui caráter essencialmente analítico e interpretativo com base na abordagem qualitativa. O corpus foi coletado nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo. É importante ressaltar que a propensão por esses veículos de comunicação justifica-se pelo alto índice de circulação desses jornais no país. Dentre alguns resultados, verificamos que a conceptualização do evento sendo golpe é deslegitimada pelo o discurso jornalístico e circula à margem da conceptualização de impeachment, a partir da negação e de efeitos de esvaziamento, sendo estabilizada como uma possibilidade interpretativa sobre a realidade. Enquanto que a conceptualização do evento sendo impeachment é construída pelos jornais a partir do efeito de objetividade e de “evidência”, instituindo conhecimentos que se estabelecem na sociedade como “a realidade” dos fatos e isso ancora/aciona uma forma de cognição social que ganha legitimidade no tempo e na história. Assim, esse discurso “evidenciado” constrói modelos mentais que se estabilizam na sociedade e se tornam difíceis de serem rompidos, pois são estabilizados como “a realidade”. |