O que as palavras soam : vivências religiosas nas Capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba em fins do século XVI.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2007
Autor(a) principal: Detoni Santos da Costa, Leticia
Orientador(a): Paulette Yves Rufino Dabat, Christine
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7426
Resumo: Em fins do século XVI as terras brasílicas receberam a primeira visitação do Santo Ofício (1591-1595). Uma comitiva liderada pelo inquisidor Heitor Furtado de Mendoça percorreu as capitanias da Bahia, Pernambuco, Itamaracá e Paraíba averiguando e apurando crenças e comportamentos condenados pela Igreja Católica. Nesta ocasião, as pessoas moradoras ou estantes nas capitanias supracitadas foram conclamadas a realizarem um minucioso exame de consciência com a finalidade de se lembrarem e relatarem delitos próprios e/ou alheios cometidos contra a ortodoxia católica. Deste modo, foram confessados e denunciados casos de bigamia, sodomia e fornicação, práticas judaizantes e gentílicas , blasfêmias e idéias subversivas em relação à confissão, culto dos santos, purgatório, castidade, entre outros crimes sde fé e de costumes. Os testemunhos destas pessoas foram registrados pelo notário Manoel Francisco e transformaram-se séculos mais tarde em fontes para as mais variadas investigações históricas. Na presente pesquisa, abordamos algumas destas opiniões e atitudes registradas como criminosas pela narrativa inquisitorial referente às capitanias de Pernambuco, Itamaracá e Paraíba por aparentemente se aproximarem do ideário protestante, considerado herético pela Igreja Católica, e definitivamente condenado por esta instituição no Concílio de Trento (1545-1563). A partir destes testemunhos, procuramos refletir sobre os possíveis significados destas crenças e comportamentos e sobre as múltiplas vivências religiosas na América portuguesa, que supostamente tinham as suas implicações políticas e econômicas, dado o lugar concedido à fé católica no projeto colonizador. Deste modo, inferimos que tais crenças e atitudes percebidas pela Inquisição como heréticas se relacionavam com a negação por parte de uma parcela dos leigos de uma inferioridade no âmbito religioso que lhes era imposta pela Igreja Católica. Por sua vez, tais idéias e atitudes possivelmente eram frutos tanto de reais contatos com o protestantismo, quanto da própria vivência do catolicismo na América portuguesa que, sob o regime do Padroado, ganhava contornos específicos