Percepção de risco e conflito socioambiental : um estudo sobre a instalação de um aterro sanitário em área de assentamento rural em Igarassu, Pernambuco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: SILVA, Tarcisio Augusto Alves da
Orientador(a): CAVALCANTI, Josefa Salete Barbosa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/9545
Resumo: A presente tese foi desenvolvida a partir da identificação de um conflito socioambiental envolvendo, de um lado, assentados do Engenho Ubu e, de outro, o aterro sanitário privado - Central de Tratamento de Resíduos Sólidos de Pernambuco, localizado no município de Igarassu, nas terras da Usina São José. O pressuposto é que foram as representações sobre a natureza que contribuíram para a polarização entre os atores. O objetivo geral do trabalho foi analisar os processos relativos à eclosão de um conflito socioambiental gerado em torno da instalação do aterro sanitário de Igarassu nas proximidades do rio Arataca e do Assentamento Engenho Ubu, segundo a percepção dos assentados. A problemática subjacente a esse objetivo indaga sobre as representações conflitantes da natureza que se ocultam ou denunciam riscos ambientais provocados pelo aterro. Dessa forma, nossa hipótese é a de que as representações da natureza presentes no conflito sinalizavam formas distintas de apropriação dos recursos naturais que foram legitimadas em diversas arenas de conflito pela indução de discursos que apregoavam a defesa da natureza ancorada em distintas finalidades. A fim de verificar essa suposição privilegiamos, por um lado, do ponto de vista metodológico, entrevistas informais e semiestruturadas para captar a percepção de risco dos assentados que se posicionavam como vitimizados pelos impactos ambientais que as atividades do aterro sanitário promoveram. Por outro lado, procedemos a uma análise documental de atas, pareceres técnicos da CPRH e do Ministério Público, complementados pelas notas divulgadas pela imprensa, e dos documentos disponibilizados pelos assentados. O resultado do trabalho identifica duas formas de representação da natureza presentes no discurso de defesa do meio ambiente operado sobre distintas lógicas. Uma natureza controlada informa uma perspectiva técnica que se sobrepõe ao risco a partir do controle técnico e de sua adequação às necessidades e interesses econômicos dispostos no conflito. Já outra representação como natureza efêmera corresponde àquela em que os assentados expõem a fragilidade dos recursos naturais e os impactos ambientais da decisão alocacional do aterro. Por fim, a tese aponta que na resolução do problema da destinação final de resíduos, houve confrontos entre as políticas públicas, o mercado e a população de assentados confluindo para revelar práticas de injustiça ambiental com a distribuição de passivos ambientais para os agricultores