Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
SILVA, Elisabete Pereira |
Orientador(a): |
LUDERMIR, Ana Bernarda |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pos Graduacao em Saude da Crianca e do Adolescente
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18038
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Resumo: |
A violência contra a mulher por parceiro íntimo (VPI) é considerada um sério e complexo problema de saúde pública, por desencadear, a curto e longo prazo, consequências bastante negativas para a saúde da mulher e dos seus filhos, que estão expostos aos episódios violentos, mesmo quando não são o alvo direto da violência. Os eventos negativos da vida, decorrentes da família, incluindo VPI e suas consequências maternas, têm sido considerados fatores de risco para o surgimento de problemas nas várias dimensões do desenvolvimento da criança. Em cada estágio do desenvolvimento, da lactância à adolescência, a VPI pode causar impactos diferentes, que englobam problemas comportamentais, emocionais, cognitivos, sociais e físicos. Esses problemas podem persistir durante a vida adulta, inclusive com a possibilidade da vítima se tornar agressor, que é um dos pressupostos da transmissão intergeracional da violência. O objetivo deste estudo foi investigar as consequências da exposição da criança à VPI, para o desenvolvimento psicossocial. Este estudo é a 3ª etapa de uma coorte prospectiva que vem sendo conduzida desde 2005, com mulheres cadastradas em todas as Unidades de Saúde da Família do Distrito Sanitário II da cidade do Recife, Pernambuco. Foram avaliados 614 pares de mães-filhos. As mães já tinham sido avaliadas na gravidez e no pós-parto. Os problemas psicossociais da criança foram avaliados usando o Questionário de Capacidades e Dificuldades (Strengths and Difficulties Questionnaire – SDQ) e o Short Mood and Feelings Questionnaire (SMFQ). Entre as mulheres estudadas, 319 (52,0%; IC95%: 48,0%-55,9%) referiram algum tipo de violência (psicológica, física ou sexual) em algum período (durante a gravidez, no pós-parto ou nos últimos 7 anos). Violência durante a gravidez foi referida por 28,0% das mulheres (IC95%: 24,4%-31,5%); no pós-parto, por 22,0% (IC95%: 18,8%-25,4%); e nos últimos 7 anos, por 32,6% (IC95%: 28,9%-36,4%). Para 55% (IC95%: 44%-65%) das mulheres, com relatos de violência na gravidez e no pós-parto, houve continuidade nos últimos 7 anos. Foram avaliados 10 tipos de exposição da criança à VPI e as mães referiram que 60,6% das crianças foram expostas a algum tipo. Encontrou-se nas crianças uma incidência de 46,7% de problemas de comportamento e 15,3% de depressão. Mesmo depois de controlar os efeitos das possíveis variáveis de confundimento (do contexto familiar, da violência e individual da criança), os problemas de comportamento e depressão, em escolares, se mantiveram associados com exposição à VPI sofrida pela mãe. Os resultados também mostraram que a chance da criança ter problemas de comportamento e depressão foi maior quando vivenciou múltiplos tipos de exposição à VPI. A idade de início da exposição de maior comprometimento para problemas de comportamento, na idade escolar, foi a faixa etária de 1 a 2 anos e para depressão foi a exposição na fase pré-natal e de 0 a 11 meses. A influência do ambiente das relações mostra que o bem-estar emocional das crianças está diretamente associado ao funcionamento emocional dos seus cuidadores e das suas famílias. Portanto, se faz necessário, identificação e intervenção precoces, para interromper o ciclo da violência e prevenir futuras gerações de crianças expostas à VPI. |