Do empoderamento social ao direito à cidade : a teimosia política e o teatro na Brasília recifense

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: SALES, Raissa Gomes de
Orientador(a): ARAUJO, Cristina Pereira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pos Graduacao em Desenvolvimento Urbano
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/38566
Resumo: O presente trabalho parte da concepção de que as injustiças e desigualdades sociais promovidas pela globalização capitalista perversa são justificadas e invisibilizadas a partir de uma fábula ideológica que lhe dá suporte. Esta é propagada a partir de um discurso único, que somente pode ser desvelado por meio do empoderamento social das classes oprimidas, que construindo um discurso alternativo, podem reivindicar por uma realidade de vida mais justa, digna e cidadã. Sendo assim, essa conscientização, que envolve a reflexão e a ação, também é um passo fundamental para o engajamento do povo oprimido, os pobres urbanos, na luta pelo direito à cidade. Somente a partir dela é que se pode reequilibrar as estruturas sociais de poder, trazendo para o povo o direito de ser protagonista de seu próprio destino e lugar, promovendo verdadeiras Revoluções Urbanas “dos de baixo”. Uma dessas revoluções aconteceu na comunidade de Brasília Teimosa, no Recife, entre os anos de 1979 e 1989, onde a própria população local conseguiu construir, coletivamente, um projeto urbanístico para o seu bairro, o Projeto Teimosinho. A partir dele, conquistou-se não somente o direito à moradia e à permanência em um dos locais mais assediados pelo mercado imobiliário na cidade, mas também se transformou por completo o lugar através da implementação de mudanças positivas em seu território. Dentre as vivências coletivas que permitiram esse feito, a que mais é cara a esse estudo é a artística, dado que se sabe que, na época, o teatro, a partir dos Grupos Teimosinho, Mais Um e Mamulengo Acorda Povo, era utilizado como um meio de mobilizar e conscientizar os moradores locais. Nesse sentido, teve-se como objetivo principal deste trabalho o de entender de que forma o fazer e o experienciar teatral pôde ter contribuído para o processo de empoderamento social da população de Brasília Teimosa, tendo em vista que esse foi um passo indispensável para o engajamento de todo o bairro na luta pelo direito à cidade. Para elucidar essa questão, partiu-se de um arcabouço teórico sobre a violência simbólica capitalista e a conscientização social por meio das teorias de Henri Lefebvre, David Harvey, Milton Santos, Jessé Souza e Paulo Freire, que foram a lente de todas as discussões e análises traçadas ao longo do estudo. Posteriormente, reconstruiu-se a história social de Brasília Teimosa, entendendo como se deu o desenvolvimento desse bairro em meio a luta de classes que se passa na região onde ele se encontra. Adiante, contextualizou-se a Revolução Teimosa da qual o teatro fez parte, entendendo-a como pertencente a um cenário social, político e artístico amplo. A partir daí, a atuação dos grupos teatrais da comunidade é estudada, tendo como fonte principal a história oral reconstruída a partir de entrevistas não estruturadas com os atores (artistas e sociais) locais. Por fim, após o término desses grupos, buscou-se entender se, atualmente, a população do lugar continua empoderada e lutando pelo direito à cidade.