Modelo experimental de diferenciação por odores entre migrânea e outras cefaleias primárias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: SILVA-NÉTO, Raimundo Pereira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Neuropsiquiatria e Ciencia do Comportamento
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/18022
Resumo: Cefaleias primárias são decorrentes de disfunção cerebral e incluem migrânea, cefaleia do tipo tensional, cefaleias trigêmino-autonômicas e outras. Diversos fatores podem desencadear crises de cefaleia, mas os odores, especialmente o perfume, estão associados à migrânea. Objetivos: Caracterizar a estimulação olfatória como fator desencadeante de crises de cefaleia e de diferenciação entre migrânea e outras cefaleias primárias. Sujeitos e Métodos: O estudo foi prospectivo, experimental, randomizado com comparação de grupos, realizado no período de março a junho de 2015. Foram convidados 158 voluntários (73 homens e 85 mulheres) diagnosticados com cefaleias primárias, de acordo com os critérios da International Classification of Headache Disorders, Third Edition (beta version) (ICHD-3β). O estudo foi realizado por dois examinadores; atribuiu-se ao primeiro, diagnosticar a presença e o tipo de cefaleia primária, enquanto o segundo foi responsável pela exposição dos voluntários ao odor e pelo registro dos efeitos dessa exposição. Resultados: Dos 158 voluntários com cefaleia, houve 72 (45,6%) casos de migrânea e 86 (54,4%) com outras cefaleias primárias. Dos 72 migranosos, 53 (73,6%) eram mulheres e 19 (26,4%), homens e dos 86 casos de outras cefaleias primárias, 32 (37,2%) eram mulheres e 54 (62,8%), homens. A idade dos voluntários com migrânea e com outras cefaleias primárias foi, respectivamente, 22,5±3,10 e 22,9±3,10 anos. Essas diferenças não foram significantes (tmédias=0,666; p=0,566). Nos dois grupos, houve diferença nas características da cefaleia (c2=4,132; p=0,046). O odor desencadeou cefaleia (25/72; 34,7%) e náusea (5/72; 6,9%) apenas nos voluntários com migrânea, correspondendo a 19,0% (30/158) da amostra e em nenhum com outras cefaleias primárias (χ²=43,78; p<0,001). A cefaleia ocorreu mais frequentemente associada à náusea (p=0,146) e de localização bilateral (p=0,002) nos migranosos que apresentaram cefaleia desencadeada por odor. A cefaleia foi desencadeada após 118,0±24,6 min e a náusea após 72,8±84,7 min da exposição ao odor. Conclusões: O odor desencadeou crises de cefaleia ou náusea apenas nos pacientes com migrânea. Portanto, cefaleia desencadeada por odores poderá ser considerada um fator de diferenciação entre migrânea e outras cefaleias primárias e esse gatilho parece muito específico da migrânea.