Análise de aspectos técnicos e clínicos da eletromiografia de superfície dos músculos respiratórios em pacientes com covid-19 sob oxigenoterapia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: SILVA JÚNIOR, Emanuel Fernandes Ferreira da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso embargado
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pós-graduação em Saúde Translacional
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/54163
Resumo: A avaliação do trabalho respiratório de indivíduos hipoxêmicos afetados pela COVID-19 é relevante para o diagnóstico funcional e adequado manejo terapêutico. Nesse contexto, a Eletromiografia de superfície (EMGs) é um método não-invasivo útil para tal avaliação, reconhecendo o padrão de recrutamento dos músculos respiratórios. O objetivo geral desta dissertação foi analisar os aspectos técnicos e clínicos da EMGs dos músculos respiratórios em pacientes com COVID-19 sob oxigenoterapia. Trata-se de um estudo transversal (ClinicalTrials.gov NCT05572853) com adultos admitidos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com COVID-19 sob oxigenoterapia de baixo fluxo. Foram coletados sinais eletromiográficos dos músculos esternocleidomastóideo, escalenos, diafragma e reto abdominal, e processados com filtro notch de 60Hz e banda passante entre 20-500Hz. Os resultados desta dissertação são apresentados em três produtos, uma revisão sistemática e dois manuscritos originais. A revisão sistemática compila os músculos respiratórios frequentemente avaliados por EMGs em UTI e os aspectos técnicos empregados, como posicionamento de eletrodos, aquisição do sinal e análise de dados. No manuscrito 1, valores brutos de Root Mean Square (RMS) de 71 pacientes foram comparados pré e pós filtragem digital. Foi observado que, sequencialmente, o acionamento muscular foi maior para os músculos escalenos (14,0µV), esternocleidomastóideo (12,1µV), seguido por diafragma (11,7µV) e reto abdominal (10,4µV). Houve significativa atenuação de sinal RMS pós-filtragem para todos os músculos (P<0,001), porém sem alteração na sequência de padrão de acionamento muscular. As maiores reduções de RMS entre pré vs. pós-filtro ocorreram para o músculo reto abdominal (7,3µV) e diafragma (6,3µV), seguido por músculos escalenos e esternocleidomastóideo, (ambos 5,3µV). A análise de Bland- Altman revelou discordância entre os métodos com e sem uso da filtragem digital. No manuscrito 2, os recrutamentos dos músculos diafragmático e extradiafragmáticos em diferentes níveis de hipoxemia aguda de pacientes com COVID-19 foram descritos. Foram analisados 46 pacientes agrupados conforme nível de hipoxemia pelo índice da relação entre a saturação periférica de oxigênio e a fração inspirada de oxigênio (SpO2/FiO2), sendo 13 leves/moderados, 27 graves e 6 com SpO2/FiO2 normal (> 315). Independentemente do nível de hipoxemia, o padrão de recrutamento muscular manteve-se similar nos grupos, cujos valores de RMS foram maiores nos músculos extradiafragmáticos (escalenos e esternocleidomastóideo). RMS dos músculos escalenos foram menores na hipoxemia leve-moderada (mediana 6.4µV, P=0,019) e grave (mediana 6,1µV, P=0,001), em comparação ao SpO2/FiO2 normal (12.0µV). RMS dos músculos esternocleidomastóideo foi significativamente diferente comparando hipoxemia leve- moderada à SpO2/FiO2 normal (RMS, 3,9µV vs. 8,3µV, P=0,016, respectivamente). Não houve diferença de grau de recrutamento para diafragma e reto abdominal entre os grupos. Em conclusão, a filtragem digital atenuou os valores RMS sem comprometer o padrão de ativação dos músculos respiratórios. A análise do sinal de EMGs dos músculos inspiratórios acessórios mostrou-se ser uma medida significativa e complementar à avaliação da relação SpO2/FiO2 na avaliação clínica dos pacientes com COVID-19. A redução do sinal mioelétrico foi relacionada ao status clínico determinado pela SpO2/FiO2, sugerindo possível fadiga muscular associada à piora clínica.