A vara, a vela e o remo: trabalho e trabalhadores nos rios e portos do Recife oitocentista
Ano de defesa: | 2017 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Historia |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/28373 |
Resumo: | Crescida entre ilhas estuarinas formadas pelo encontro dos rios Capibaribe e Beberibe com o mar, a cidade do Recife esteve desde cedo marcada por sua condição comercial e portuária. A forte presença dos rios e do porto como elementos definidores do espaço urbano local tornou essencial a existência de um ativo mundo do trabalho fluvial e portuário para a reprodução material de boa parte da vida social e econômica da cidade. Na primeira metade do século XIX, a partir de seu ancoradouro, o espaço urbano recifense consolidou uma posição de importante entreposto regional, responsável não só por articular a produção de açúcar e algodão do interior pernambucano com os mercados consumidores internacionais, mas também por intermediar, através da pequena cabotagem e da navegação fluvial, toda uma pequena rede de comércio de alimentos e bens de primeira necessidade entre vilas litorâneas e populações ribeirinhas das províncias de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e sul do Ceará. As características físicas da hidrografia pernambucana e dos diversos portos litorâneos do litoral setentrional brasileiro impuseram, assim, grande importância e originalidade à cultura material desenvolvida entre os rios e estuários locais, conformando a predominância de três tipos específicos de embarcação: a canoa, a jangada e a barcaça. A bordo destas pequenas embarcações movia-se um universo social misto de trabalhadores, composto de escravos, libertos e homens livres pobres, que ainda tem sido pouco estudado pela historiografia pernambucana. Esta dissertação contém, assim, dois objetivos principais: em primeiro lugar, destacar os diversos papéis sociais e econômicos cumpridos pela pequena cabotagem e pelo pequeno transporte fluvial no Recife da primeira metade do século XIX; em segundo, analisar as experiências anônimas de vida e trabalho de canoeiros, jangadeiros e mestres-de-barcaça na conjuntura da sociedade escravista brasileira dos oitocentos. Na capital pernambucana, em especial, a centralidade histórica assumida pelos ofícios fluviais e portuários e a alta participação de homens negros e mestiços livres e libertos criaram brechas sociais que tornaram bastante fluídas as fronteiras entre escravidão e liberdade. Ao reconstituir uma parte destas histórias, o presente trabalho visa, assim, contribuir para os debates historiográficos relativos à transição da mão-de-obra escrava para a livre em Pernambuco e à própria história do trabalho fluvial, marítimo e portuário do Brasil. |