Do corpo ameríndio : por um canto selvagem da formação humana
Ano de defesa: | 2020 |
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Autor(a) principal: | |
Orientador(a): | |
Banca de defesa: | |
Tipo de documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso aberto |
Idioma: | por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Pernambuco
UFPE Brasil Programa de Pos Graduacao em Educacao |
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: | |
Link de acesso: | https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/39246 |
Resumo: | A presente dissertação objetivou realizar uma articulação entre o pensamento ameríndio, a formação humana e a espiritualidade, através do exercício de pensar outramente com povos indígenas das terras que se habituou a chamar de Brasil. O conceito ameríndio de corpo é o elemento articulador transversalizante, tendo sido tomado como perspectiva para enxergarmos uma figura outra de formação humana. Para alcançar esse objetivo, ensaiamos três movimentos: caracterizamos o conceito de corpo na filosofia ameríndia e identificamos suas potências; mapeamos as consequências ontológicas, epistemológicas e cosmológicas para os corpos que entram em encontro, confronto e desencontro; delineamos uma figura de formação humana a partir dos corpos ameríndios em diferentes relações. No que se refere ao pensamento ameríndio, mobilizamos os trabalhos do antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro que tematizam os três vértices da chamada filosofia ameríndia: o multinaturalismo ontológico, o perspectivismo interespecífico e a alteridade canibal. Também recorremos ao pensamento do xamã yanomami Davi Kopenawa. No outro lado da articulação, evocamos os estudos da filosofia da educação brasileira contemporânea, mais especificamente os que se filiam às chamadas filosofias da diferença. A pesquisa tem uma natureza teórico-especulativa ao modo da alterocupação (Alexandre Nodari) e da noção de experiência (Jorge Larrosa). Os resultados indicaram que o pensamento ameríndio, tanto através dos mitos quanto das práticas rituais, reconhecem no corpo um potencial ontológico de diferenciação que afeta os diversos habitantes do universo, humanos e não-humanos, desdobrando uma concepção de existência que não se deixa capturar por processos formativos que funcionam por meio da reprodução e do controle das identidades. Os corpos ameríndios variam, assim também os mundos que lhes cabem, e essa variação se potencializa nas relações que se instauram em uma arena cosmopolítica situada entre uma heterogeneidade de humanidades, onde corpos se chocam, se fundem, se capturam. O que nos permite concluir que nos mundos ameríndios o Outro tem um lugar e um potencial (trans)formativo indispensável. |