Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
LAVAREDA, Welton Diego Carmim
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Outros Autores: |
https://orcid.org/0000-0002-6260-3558 |
Orientador(a): |
NEVES, Ivânia dos Santos
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Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal do Pará
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-Graduação em Letras
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Departamento: |
Instituto de Letras e Comunicação
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
http://repositorio.ufpa.br:8080/jspui/handle/2011/15367
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Resumo: |
A presente tese de doutoramento tem o objetivo geral de analisar como as diferentes estratégias de governamentalidade estabelecidas pelo dispositivo colonial, durante o período da Cabanagem, favoreceram a instauração de um patrimônio linguístico europeu na Amazônia mergulhado em uma série de conflitos, sobretudo, linguísticos. A partir de séries arquivistas catalogadas no Arquivo Público do Pará, nos Arquivos Públicos dos Municípios de Cametá-PA e de Vigia de Nazaré-PA, no Foreing Office (de Londres) e na obra “Motins Políticos ou história dos principais acontecimentos políticos na Província do Pará desde o ano de 1821 até 1835” (1970), esta pesquisa também propõe, especificamente, mapear as movências históricas e as práticas linguísticas vivenciadas à época da colonização (as quais serviram de base para as análises) e identificar quais tensões discursivas são legitimadas, pelo dispositivo colonial, para a manutenção de um governo da língua favorecedor de um movimento de gerenciamento linguístico europeu na Província Cabana completamente em chamas (1835-1840). Para o referencial teórico-metodológico, optamos por diálogos interdisciplinares que pudessem remeter à experiência histórica, adotando como base analítica principal a perspectiva arqueogenealógica dos estudos discursivos de Michel Foucault (1964; 2009; 2008, 2010a; 2010b; 2010c; 2011; 2016a; 2016b). Com o intuito de compreendermos o processo de lusitanização e as emergências históricas das políticas linguísticas relacionadas ao Período Colonial, recorremos à Rosa Virgínia Mattos e Silva (2004), Cristine Severo (2013; 2014; 2016) & Sinfree Makoni (2015) e a Bessa Freire (2011). Ao mobilizarmos a dimensão de necropolítica linguística e o conceito de língua na modernidade recente, seguimos como norteadores os estudos e a operacionalização conceitual que vem sendo desenvolvida pelo GEDAI-CNPq (LAVAREDA & NEVES, 2018; 2019; 2020; OLIVEIRA, 2018; NEVES-CORRÊA, 2018; LISBÔA, 2019). Ao assumirmos como referência a definição de colonialidade do poder advinda dos estudos decoloniais, impulsionada por Aníbal Quijano (1999; 2005), e adotarmos a constituição do idioma pelo viés modernidade e colonialidade como projetos mutuamente constitutivos (MIGNOLO, 2020; MARTÍN-BARBERO, 2009; 2014; WALSH, 2019), movimentamos as discussões sobre o dispositivo colonial propostas por Ivânia Neves (2009; 2015; 2020), a fim de pensar as tecnologias de poder ainda bastante atuantes nos processos de produção das subjetividades das sociedades amazônicas e dos discursos que circulam sobre elas. As pesquisas sobre o movimento cabano de Magda Ricci (2001; 2016) e os estudos sobre o negro nas lutas sociais e na composição étnica do Pará e sobre a Cabanagem, estes realizados por Vicente Salles (1992; 2005; 2015), do mesmo modo, compõem a arquitetura teórica global dos debates propostos. Ratifica-se, por fim, que a “invenção” de um governo da língua portuguesa no cenário cabano intensificou a transposição de gêneros discursivos variados para as condições de emergência dos povos ditos colonizados na Amazônia brasileira e, em um mesmo gesto, potencializou o surgimento de metacategorias que foram tomadas como discursos de verdade até a história do presente. |