Dispositivo Colonial e Ensino de Português como Língua de Acolhimento na Universidade Federal de Roraima: entre discursos, saberes e poderes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Marcus Vinícius da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual Paulista (Unesp)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/11449/253074
http://lattes.cnpq.br/5513601185586347
https://orcid.org/0000-0003-3907-3277
Resumo: Esta pesquisa de doutorado tem como objetivo geral de compreender as relações de saber-poder que estão na base das estratégias discursivas para o ensino de português como língua de acolhimento (PLAc) implementadas pela Universidade Federal de Roraima, espaço em que se materializam normatividades hegemônicas do dispositivo colonial. Assim, os objetivos específicos desta tese possuem duas naturezas constitutivas. A primeira natureza atravessa questões teórico-metodológicas: (i) investigar a concepção PLAc nos documentos institucionais de ensino/aprendizagem e nos documentos de políticas linguísticas da UFRR; e (ii) contribuir com o diálogo entre as perspectivas teóricas da Análise do Discurso com Michel Foucault e dos Estudos Decoloniais. A segunda está imbricada em questões de ordem teórico-analítica: (iii) cartografar discursivamente as ações referentes à migração e ao ensino de português como língua de acolhimento na UFRR e; (iv) problematizar a emergência e a necessidade da implementação da subárea de PLAc na região fronteiriça e amazônica de Roraima. O referencial teórico-metodológico parte de reflexões da Análise do Discurso, com contribuições de Michel Foucault, em diálogo com os Estudos Decoloniais e outros campos do saber, com a finalidade de compreender os sentidos que circulam sociohistoricamente sobre a prática do professor de PLAc nesse espaço fronteiriço. Para tanto, nossos questionamentos de pesquisa são: (i) Quais saberes e poderes produzem e interferem na construção desse espaço de enunciação fronteiriço? (ii) Quais dizeres comparecem na concepção de ensino de português como língua de acolhimento nesse espaço institucional? Para responder a esses questionamentos, assumimos, neste trabalho, uma atitude arqueogenealógica, tal como postulada por Foucault (2006), entendendo que o discurso está submetido a uma certa ordem discursiva, pois existe um domínio do que é dito e de como é dito, sendo subordinado aos processos históricos do discurso. O nosso gesto de análise divide-se em dois momentos. O primeiro é a análise dos documentos institucionais que tangem a organização didático-administrativa da UFRR, as práticas formativas das licenciaturas em Letras, bem como os documentos que dão diretrizes sobre a implementação de ações para o ensino de línguas na instituição. Já o segundo movimento analítico consiste no levantamento de ações voltadas para o PLAc no espaço institucional (ensino, pesquisa e extensão), entre o período de 2016 a 2020, para que possamos compreender o movimento de contradições constitutivas do discurso e as relações de poder envolvidas entre os documentos institucionais e sua efetiva implementação na universidade, uma vez que o discurso se constitui em um lugar de tensões/conflitos concordâncias/silenciamentos. Após as análises, constatamos a existência de um movimento discursivo pendular, que ora tende para inclusão e ora para a exclusão de ações de acolhimento para migrantes em situação de vulnerabilidade social e econômica na universidade.