Quantificação e caracterização de matéria orgânica em sedimentos de mangue, visando estudo geoquímico (Baía de Inajá, São João de Pirabas NE do Pará)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2002
Autor(a) principal: ALCÂNTARA, Bianca Delamare Passinho lattes
Orientador(a): LIMA, Waterloo Napoleão de lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11757
Resumo: O bom funcionamento do ecossistema de manguezal depende de alguns fatores de importância vital, entre os quais se inclui a estabilidade do solo, a salinidade e um suprimento adequado de água doce e de nutrientes. A área fisiográfica selecionada é a baía de Inajá, situada no município de São João de Pirabas, na mesorregião Nordeste do Pará. A coleta de sedimentos de mangue foi realizada na ilha de Itarana, que se localiza nessa baía, e recebe influência direta de águas do oceano Atlântico. Resultados analíticos mostraram que a sazonalidade exerce notável influência no transporte de material fixado nos manguezais ou exportado para as águas costeiras. Enquanto o pH se manifesta às proximidades de 7 no período chuvoso, seus valores podem ser superiores a 8 (máximo de 8,55) na estiagem; também a condutância específica (máxima em 33,9 ms.cm –1 no período chuvoso) pode chegar a 50 ms.cm –1 na estiagem, revelando um conteúdo eletrolítico elevado por força da influência de águas oceânicas. O material particulado em suspensão exibe concentrações algo mais elevadas no período chuvoso (máximo de 178 mg.L –1) , em concordância com a turbidez (máximo de 150 UNT) e com o índice de cor (máximo em 60 UC). Por sua vez, a matéria orgânica, embora algo apreciável no período de estiagem (teor máximo observado em 2,06 mg de C/ litro), mostrou-se ainda mais elevada no período chuvoso (máximo em 3,4 mg de C/ litro), sugerindo maior contribuição do material transportado pelos rios. Enquanto os teores de silicato transportado são maiores no período chuvoso (máximo em 1,63 mg de SiO2 / litro), o fosfato total (orgânico, inorgânico) atingiu um máximo de 1,46 mg de PO4 3- / litro) no período de estiagem, revelando prováveis influências oceânicas no meio da baía de Inajá, aliás, local de pesca e capturas de mariscos. As razões C/N, C/P e N/P (máximo em 126,7, 1039 e 83,2; mínimos em 1,75, 101 e 17,2, respectivamente) sugerem deficiência de N e P e enriquecimento de material de decomposição de celulose, de origem vegetal. Aliás, o material carbonoso de “furo” Grande exibe uma relação C/N de 126,7 que indica período longo de maturação. A interpretação dos espectros de absorção na região do infravermelho leva à identificação de grupos hidrofílicos (OH alcoólica e fenólica); de grupos funcionais metil ( -CH3 ) e metileno ( -CH2 - ) de cadeias alifáticas; de carboxila e/ou carbonila e seus derivados (carboxilatos e complexos, mais provavelmente com Fe e Al) ; e confirmam a presença de geopolímero através da identificação de bandas devidas a silicato. Essas considerações levam à conclusão sobre ocorrência de material húmico seja nas águas (talvez mais recentes) ou nos sedimentos. Tratando-se de material mais refratário, essas substâncias húmicas podem agregar-se aos sedimentos geológicos e promover a sedimentação necessária à formação de fácies, principalmente no material carbonoso coletado no “furo” Grande (15,29 % de matéria orgânica ) e no material coletado no arenito Pilões (9, 62% de matéria orgânica ) . Na avaliação da capacidade de troca catiônica (CTC), observou-se maior influência da matéria orgânica, pois as amostras mais ricas em matéria orgânica (15,29% e 9,62%) apresentaram índices máximos de CTC da ordem de 30,12 meq/100g e 35,66 meq/100g, respectivamente. A elevada quantidade de matéria orgânica no ambiente em estudo parece estar muito mais associada com o ciclo das marés, com a drenagem insuficiente no sedimento (seja no manguezal ou no arenito) , elevada bioturbação (restos de vegetais, ação de organismos marinhos) e percolação de águas subterrâneas, que originam substâncias húmicas em solos podzólicos, ou seja, a matéria orgânica apresenta duas origens: uma, alóctone – material transportado pelos rios; e outra, autóctone – resultante da incorporação de raízes, microorganismos invertebrados e talvez principalmente da própria liteira resultante do metabolismo no manguezal.