Argilominerais da Formação Codó (Aptiano Superior) – Bacia de Grajaú: implicações ambientais e climáticas.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: GONÇALVES, Daniele Freitas lattes
Orientador(a): ROSSETI, Dilce de Fátima lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11716
Resumo: A Formação Codó, exposta na região de Codó (MA), consiste em um sistema lacustre dominantemente fechado e hipersalino. Este sistema caracteriza-se por apresentar depósitos arranjados em ciclos de arrasamento ascendente de, em média, 1 m de espessura. Os ciclos são formados, da base para o topo, por fácies de lago central (evaporitos e folhelhos betuminosos), lago transicional (argilito laminado verde; mudstone calcífero; mudstone a packstone peloidal; e calcário mesocristalino) e lago marginal (pelito maciço; gipsarenito/calcarenito com fenestras e feições cársticas; grainstone/packstone oolítico, pisolítico ou ostracodal; ritmito; e chert nodular). Neste trabalho foram realizadas análises de difração de raios-X, microscopia eletrônica de varredura e microscopia óptica em rochas predominantemente argilosas da Formação Codó, objetivando a caracterização da assembléia de argilominerais, a definição de sua origem, bem como a avaliação de sua aplicação como indicador paleoclimático e paleoambiental. As fácies utilizadas neste estudo incluíram: folhelho negro, argilito laminado, mudstone calcífero, pelito maciço e ritmito de carbonato e folhelho. Nestas fácies a assembléia de argilominerais consiste dominantemente em esmectita, seguida de menores quantidades de ilita, caulinita e interestratificados ilita-esmectita. A esmectita é, em sua maioria, detrítica sendo caracterizada por palhetas crenuladas e/ou esgarçadas dispostas em arranjo paralelo ou caótico. Esta, quando pura, mostra grau de cristalinidade elevado e tem sido classificada como dioctaédrica, e pertencente à espécie montmorillonita. Localmente, ocorrem esmectitas autigênicas em cristais medindo, em média 2μm, com arranjo em colméia. Estes cristais ocorrem, mais comumente, revestindo conchas de ostracodes no ritmito. A caulinita ocorre sob forma de cristais pseudohexagonais eqüidimensionais, com diâmetro médio de 1μm, substituindo a esmectita e, por vezes, formando livretos com 8μm de comprimento preenchendo cavidades, sendo que sua ocorrência aumenta substancialmente em depósitos de margem de lago, e está comumente associada à fácies pelito maciço. A ilita ocorre em depósitos transicionais e marginais sob forma de cristais capilares que substituem a esmectita. É possível que parte da ilita seja também detrítica, sendo esta morfologicamente similar às palhetas de esmectita. A análise da distribuição dos argilominerais ao longo dos perfis estudados revelou uma diminuição no conteúdo e grau de cristalinidade e/ou interestratificação da esmectita para o topo das seções. Esta tendência foi também observada dentro de alguns dos ciclos individuais de arrasamento ascendente. Assim, os depósitos lacustres centrais e transicionais basais mostram conteúdo de esmectita elevado relativamente ao de caulinita e ilita, enquanto que os depósitos transicionais mais superiores e marginais apresentam tendência contrária. O domínio de esmectita detrítica, aliado à vasta ocorrência de evaporitos na região estudada, confirmam a tendência de clima quente e semi-árido durante o Neoaptiano da Bacia de Grajaú. A variabilidade dos argilominerais ao longo dos perfis estudados é consistente com o arranjo dos ciclos de arrasamento ascendente, auxiliando assim na melhor definição dos mesmos. A origem dos argilominerais autigênicos (caulinita e ilita) é atribuída a processos pedogenéticos. A coexistência destes argilominerais possivelmente deve-se à alternância de períodos chuvosos e secos.