Análise faciológica da formação Codó (Aptiano superior) na Região de Codó (MA), leste da Bacia do Grajaú

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: PAZ, Jackson Douglas Silva da lattes
Orientador(a): ROSSETTI, Dilce de Fátima lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Geologia e Geoquímica
Departamento: Instituto de Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/11608
Resumo: Os depósitos da Formação Codó, na região de Codó (leste do estado do Maranhão) consistem de folhelhos, calcários e evaporitos contínuos lateralmente e organizados em ciclos de arrasamento ascendente de, em média, 2,5 m de espessura. Estes depósitos são considerados como o registro de um sistema lacustre que se instalou durante o Neoaptiano na Bacia do Grajaú. Esta interpretação baseia-se nos seguintes critérios: 1) presença de ostracodes e algas típicas de ambientes não-marinhos, associados à ausência de fósseis marinhos; 2) domínio de litologias formadas por suspensão e frequente formação de paleossolos, associados à ausência de estruturas geradas por maré e reduzida atividade de onda; e 3) razão 87sr/ 86sr igual, em média, a 0,7079, valor mais elevado que aquele esperado para evaporitos e carbonatos marinhos do período Aptiano. Foram individualizadas treze fácies deposicionais, as quais foram agrupadas em três associações de fácies atribuídas a: a) lago central; b) lago transicional; e c) lago marginal. A associação de fácies de lago central posiciona-se na base dos ciclos de arrasamento ascendente, sendo composta por duas fácies: a) folhelho negro betuminoso; e b) evaporito. O domínio de rochas pelíticas nesta associação de fácies é consistente com sedimentação em ambientes de baixa energia, típicos de centro de lago. A abundância de pirita e a composição betuminosa apontam para condições ambientais redutoras. A escassez de infauna é indicada pela ausência de bioturbação, o que é consistente com anoxia, enquanto as fácies evaporíticas apontam para um contexto lacustre salino. A associação de fácies de lago transicional consiste de: a) argilito laminado; b) mudstone calcífero; c) calcário peloidal (mudstone a packstone); e d) calcário meso-cristalino. Estes depósitos estão posicionados entre as associações de fácies de centro e de margem de lago, encontrando-se na porção média dos ciclos de arrasamento ascendente, o que levou a atribuí-los a ambiente lacustre transicional. A associação faciológica de lago marginal representa o topo dos ciclos de arrasamento ascendente e agrupa as seguintes fácies: a) pelito maciço; Db) calcita- arenito; c) calcário ostracodal (wackestone a grainstone); d) calcário pisoidal (packstone); e) gipsita-arenito; £f) tufa; e g) ritmito carbonato/folhelho. Estes depósitos mostram uma abundância de feições sedimentares (i.e., paleossolos, superfícies cársticas e fenestras) típicas de exposição meteórica e/ou subaérea, consistentes com a interpretação como depósitos de lago marginal. O modelo deposicional proposto consiste de sistema lacustre com margem em rampa e baixa energia de fluxo, tomando-se por base as seguintes características: 1) baixa taxa de suprimento sedimentar; 2) relevo pouco pronunciado em torno da bacia lacustre; 3) abundantes feições sedimentares registrando episódios de exposição subaérea ou à água meteórica; e 4) predomínio de fácies marginais sobre fácies centrais. Além destas características, esta interpretação é também sugerida pelos seguintes aspectos: 1) pequenas espessuras (i.e., poucos metros) dos ciclos deposicionais, o que pode ser atribuído a um espaço deposicional reduzido em função do predomínio de lâmina d'água rasa através da bacia lacustre; 2) ausência de depósitos turbidíticos, típicos em ambientes lacustres com quebra em talude acentuado; e 3) ausência de depósitos de ressedimentação (p.e., brechas e/ou depósitos deformados por ação gravitacional), característicos em associação a ambientes de talude. A abundância de folhelhos negros e evaporitos sugere que a bacia lacustre era hidrologicamente fechada, estratificada e salina. Os ciclos deposicionais identificados na área de estudo revelam caráter regressivo, sendo representados por três tipos: 1) ciclos completos de arrassamento ascendente; 2) ciclos incompletos de arrasamento ascendente; e 3) ciclos de inundação ascendente. A origem destes ciclos foi atribuída a tectonismo, com base no seu padrão assimétrico de empilhamento, o que também é corroborado pela presença de feições deformacionais sinsedimentares associadas com atividade sísmica sindeposicional. As informações faciológicas, paleontológicas e geoquímicas obtidas na região de Codó permitem considerar que a ingressão marinha neocaptiana, registrada na porção norte da Bacia de São Luís-Grajaú, não chegou a atingir a região de Codó, que manteve-se protegida desta ingressão.