“Me jogaram aqui porque eu fiz 15 Anos” - biopolítica da juvenilização da Educação de Jovens e Adultos em Belém-PA (2010- 2013)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: CONCEIÇÃO, Letícia Carneiro da lattes
Orientador(a): NAKAYAMA, Luiza lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação
Departamento: Instituto de Ciências da Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8528
Resumo: Este estudo tem por finalidade empreender uma análise da constituição da Educação de Jovens e Adultos enquanto política pública no Brasil, no estado do Pará e no município de Belém; compreender como se configura o jogo de forças modelador do atual quadro de juvenilização e presença de grupos intergeracionais na EJA; analisar a maneira pela qual os biopoderes e dispositivos disciplinares se apresentam nos espaços da EJA em uma escola municipal da cidade de Belém. O estudo parte da questão problema: Como se configuram as biopolíicas públicas da EJA no município de Belém no período de 2010 a 2013? As questões norteadoras foram: Como se desenvolveu historicamente a constituição da EJA enquanto política pública no Brasil, no estado do Pará e na cidade de Belém? Como se configura a biopolítica do jogo de forças modelador do atual quadro de juvenilização e presença de grupos intergeracionais na EJA? De que maneira os biopoderes e dispositivos disciplinares se apresentam no espaço das turmas de EJA de uma escola municipal da cidade de Belém? Trata-se de um estudo de caráter bibliográfico, empírico e documental. Além da literatura referente a EJA, utilizamos pesquisas acerca da juvenilização e as produções do GT 18 “Educação de Pessoas Jovens e Adultas” da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), desde sua constituição até a Reunião Anual de 2013. Foram utilizados os textos das Leis de Diretrizes e Bases da Educação 5.692 de 1971 e 9.394 de 1996, bem como os Pareceres do Conselho Nacional de Educação/CEB 15/1998, 11/2000, 36/2004, 29/2006, 23/2008 e 06/2010, Resoluções 01/2000 e 03/2010 das mesmas instituições e Resolução 48/2002 do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Fizeram parte da análise, também, a fala de representantes das instâncias responsáveis pela EJA nas três esferas (federal, estadual e municipal) do poder público, bem como a fala de alunos das turmas de 3ª e 4ª totalidade de EJA de uma escola municipal de Belém-PA. O trabalho focaliza o tempo histórico de 1940 até o presente, concentrando as análises no período de 1996 ao atual, em que se observa o fenômeno da juvenilização e, mais especificamente, na amostragem dos anos de 2010 a 2013, em que a pesquisa se concentra. A fundamentação teórica vem dos estudos do filósofo Michel Foucault, dos quais se utilizou as ferramentas analíticas e os conceitos de biopolítica e genealogia do poder. A partir das análises, percebemos uma descontinuidade das políticas públicas de EJA, marcadas pela ruptura e descontinuidade, com especial ênfase nas lacunas de produção acerca do estado do Pará e da cidade de Belém. Uma complexa teia de dispositivos disciplinares, processos de normalização e regulamentação configura a juvenilização da EJA em Belém. Na legislação educacional salienta-se e busca-se soluções para o problema proporcionado pela interpretação do próprio texto legislativo acerca das idades da EJA. Essa biopolítica se materializa no espaço escolar, evidenciando processos de subjetivação dos alunos, conforme expressam a analítica dos discursos produzidos. Os sujeitos, entretanto, não são simplesmente vítimas de ações do poder oficial e sim parte ativa de uma sofisticada rede em constante reconfiguração, dentro da qual embaralham conceitos e tradições, resignificando até mesmo a noção das idades em si.