Detecção precoce do câncer de mama: significados, condicionantes e resolubilidade dos serviços de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Pinheiro, Cleoneide Paulo Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/109547
Resumo: Introdução: Reconhecer precocemente os sinais e os sintomas do câncer de mama é a principal estratégia de combate dessa neoplasia. Esse tipo de câncer é o mais frequente nas mulheres e de grande impacto social. Objetivos: caracterizar as participantes da pesquisa (mulheres mastectmomizadas) quanto ao perfil sociodemográfico e fatores de riscos para o câncer de mama; compreender o significado da detecção precoce do câncer de mama na percepção da mulher mastectomizada; identificar os condicionantes que levaram a mulher mastectomizada a não aderir às estratégias de detecção precoce do câncer de mama; analisar a resolubilidade dos serviços de saúde para detecção precoce do câncer de mama. Metodologia: Pesquisa qualitativa, cujos dados foram coletados nos meses de dezembro de 2015 e janeiro de 2016 por meio do levantamento documental em prontuários, fichários e entrevista individual. Participaram do estudo 26 mulheres mastectomizadas, atendidas pelo Sistema Único de Saúde, no ambulatório de referência em Oncologia do Ceará. Resultados e discussão: organizou-se as temáticas: significados da detecção precoce do câncer de mama para as mulheres; ações e condicionantes da não adesão às estratégias de detecção precoce do câncer de mama e a interpretação da resolubilidade dos serviços de saúde na detecção precoce do câncer de mama. A análise fundamentou-se nos pressupostos do Interacionismo Simbólico e nas políticas públicas de atenção a saúde da mulher. As participantes tinham entre 37 e 66 anos; histórico familiar da doença; maioria casada fez uso de contraceptivo, tinha filhos, católica, branca, não realizava autoexame nas mamas; renda média de um salário e meio; história esporádica de uso de álcool e tabaco; somente cinco estudaram mais de 10 anos. Referindo-se aos fatores de risco para o câncer de mama, sete eram nulíparas; a maioria tinham histórico de câncer na família (mãe e irmã); a idade da menarca variou de 12 a 16 ano.As mulheres centraram seus depoimentos na doença, atribuindo-lhe significado de ¿perda da saúde¿, sinalizada pela incapacidade de trabalhar, divertir-se e viver normalmente. O significado do câncer é de ameaça à vida, sendo referida pelo medo presente em todas as etapas do adoecimento. Surpreendida pela notícia de que tem a doença, a mulher evidencia sentimentos que vão além do medo da dor e da morte. Na concepção das participantes, a detecção, é importante para a manutenção da vida e para minimizar sofrimentos, porque há tratamento e cura. Condicionantes subjetivos como medo, vergonha, religiosidade e outros aspectos culturais predominam como condicionantes de não-adesão às ações de detecção precoce do câncer de mama; seguidos por falta de profissionais e problemas estruturais dos serviços de saúde. Para 21 mulheres, em seu itinerário de descoberta e tratamento do câncer de mama, o posto de saúde foi o lugar que primeiramente buscaram. Para uma parte delas, o acesso garantiu a celeridade no atendimento pelas equipes de saúde. As interpretações convergiram para significar que a falta do médico na equipe compromete a celeridade e a resolubilidade da assistência, determinando peregrinação e sofrimento. Para 19 participantes, o tempo médio para o diagnóstico foi de 2 a 5 meses e de 3 a 6 meses para o tratamento. Dificuldades operacionais de referência e contra-referência são recorrentes, bem como as passagens por vários serviços de saúde antes de iniciar qualquer tratamento. A rede de amizades e a utilização do setor privado para realizar exames confere certa celeridade ao diagnóstico e ao tratamento. Considerações finais: os resultados permitem inferir que as mulheres têm um sério obstáculo à adesão ao autoexame das mamas e destaca-se o medo como uma das principais barreiras que influenciam o postergar do cuidado com a saúde mamária. Para, além disso, há limitações e pouca articulação entre os serviços em face das demandas dos usuários referentes a necessidades em saúde, acesso, satisfação, resolubilidade no atendimento. A centralidade no trabalho médico e a insuficiente utilização da contrarreferência no fluxo de serviços são entraves no cotidiano da atenção primária. A rede de relacionamentos, bem como o segmento privado,vem sendo buscados como formas de obter maior resolubilidade por parte dos serviços de saúde. Recomenda-se que o sistema de saúde deve ser reorientado e adaptado a realidade da demanda, tomando o princípio da resolubilidade como suporte e estreitar parcerias com a sociedade e com o setor privado de forma complementar ao público.