Percepções de militares brasileiras sobre discriminação de gênero: uma análise a partir da Teoria do Sexismo Ambivalente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Peixoto, Carolline Frota Pereira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/129929
Resumo: A partir da problemática da desigualdade de gênero presente no mercado de trabalho brasileiro, do fenômeno do sexismo ambivalente e dos efeitos da discriminação, esta dissertação tem como objetivo analisar a discriminação percebida por militares brasileiras, em seu trabalho, em razão do gênero. Especificamente, pretende-se identificar situações e contextos de discriminação percebidos por militares brasileiras em seus trabalhos; conhecer os estereótipos de gênero percebidos pelas militares; investigar a percepção dos efeitos da discriminação de gênero na vida pessoal e profissional de militares brasileiras, além de investigar a percepção das mulheres acerca dos efeitos da discriminação de gênero no ambiente de trabalho. Para tanto, realizou-se uma pesquisa de caráter qualitativo e exploratório com 15 militares brasileiras que serviram ou servem em instituições militares do Brasil, que apresentem idade superior a 18 anos, de qualquer patente, sejam militares de carreira ou pertencentes ao quadro de militares temporárias. As militares participaram de uma entrevista semiestruturada, individual e on-line, respondendo a um questionário sociodemográfico e a perguntas abertas e objetivas relacionadas à percepção de discriminação no contexto militar. A coleta de dados se deu por meio de um conjunto de estratégias, que permitiram caracterizar a amostragem como não probabilística e intencional: (1) indicação realizada por pessoas em comum entre a pesquisadora e as militares; (2) contato direto da pesquisadora a militares com perfis em redes sociais e (3) técnica da bola de neve, solicitando à participante que indicasse a pesquisa a outras militares. Posteriormente, esses dados foram avaliados por meio de análise textual, com auxílio do software IRaMuTeQ, resultando nas seguintes classes: (1) Estereótipos e divisão do trabalho militar por gênero, (2) Discursos discriminatórios versus posicionamentos, (3) Situações e especificidades na vivência de discriminação de gênero, (4) Percepção de capacidade versus contexto de limitações e (5) Transição de vida e percepções sobre a discriminação de gênero. Os resultados demonstraram a percepção das participantes de que a atribuição de estereótipos e a destinação de trabalhos é desigual, tendendo a deixar as militares em desvantagem, que historicamente seriam justificadas por argumentos sexistas tanto de modo hostil como benevolente. As participantes evidenciaram perceber que há especificidades físicas entre os gêneros, que podem deixá-las em desvantagem em alguns aspectos, no entanto, salientaram que são capazes de superar essas especificidades, sentindo-se competentes para desempenhar quaisquer atividades militares. Essas mulheres também relataram perceber mudanças na discriminação de gênero, sugerindo que essa discriminação tende a ter diminuída a sua apresentação hostil, mas ainda é existente, ao mesmo tempo em que ocorre a sua apresentação benevolente. Como consequência, as participantes apontaram perceber impactos pessoais, profissionais e no ambiente de trabalho, podendo afetar negativamente a autoestima, o crescimento na carreira e o clima laboral. A partir desse estudo, concluiu-se que a militar, na condição de mulher, está mais vulnerável a sofrer discriminação de gênero uma vez que esse ambiente é preparado para reproduzir um padrão de desigualdade, dificultando a participação das mulheres. Dessa forma, ser mulher militar é fazer resistência a esse fenômeno, buscando ocupar um lugar de sujeito de direitos, em um ambiente tradicionalmente sexista. Palavras-chave: desigualdade de gênero, sexismo ambivalente, discriminação percebida, mulheres militares, militares brasileiras.