Legitimação da desigualdade de gênero: uma análise a partir das diferenças ideológicas e do enquadramento da informação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Biermann, Mariana Costa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/591293
Resumo: O presente programa de pesquisa tem como objetivo defender a tese de que o enquadramento das informações que contestam/ameaçam a ordem social (acerca da desigualdade de gênero) influencia o conforto com a desigualdade impactando a ação coletiva para pessoas que justificam o sistema e que endossam ideologias legitimadoras da desigualdade em distintos contextos culturais (Brasil e Estados Unidos). Para atingir esse objetivo, foram desenvolvidos cinco manuscritos. Manuscrito 1 se configurou enquanto uma revisão de escopo (Scoping Review) que buscou identificar e caracterizar a literatura existente sobre teorias que legitimam a desigualdade de gênero, especificamente Orientação à Dominância Social, Autoritarismo de Direita e Teoria da Justificação do Sistema, esclarecendo suas contribuições relativas. Os resultados identificaram quatro categorias temáticas: expressões de sexismo e variações, violência contra as mulheres e objetificação, papéis de gênero, estereótipos e masculinidade, e mudança social em direção à igualdade de gênero. A literatura também indicou um processo motivacional dual para legitimação da desigualdade de gênero por vias ideológicas. O Manuscrito 2 focou na adaptação da Escala de Justificação do Sistema para Relações de Gênero (EJSRG) para o contexto brasileiro e apresentou evidências de validade e confiabilidade. Os resultados replicaram a estrutura unifatorial original em uma versão reduzida, com discussões sobre suas limitações no contexto brasileiro. O Manuscrito 3 teve como objetivo desenvolver e validar uma versão ampliada e revisada da escala para o Brasil e os Estados Unidos, testando sua estrutura fatorial e parâmetros psicométricos. Os resultados indicaram uma estrutura de dois fatores: Meritocracia de Gênero Percebida (PGM) e Resistência à Mudança das Normas de Gênero (RGNS), com variações entre as versões brasileira e norte-americana. O Manuscrito 4 testou empiricamente um modelo explicativo do conforto com a desigualdade de gênero, considerando diferenças ideológicas na justificação do sistema e percepções de relações de gênero futuras. Utilizando amostras dos Estados Unidos (N = 120) e Brasil (N = 186), foi encontrada uma mediação em série entre ideologia política, justificação do sistema de gênero e sexismo benevolente. No Brasil, essas variáveis combinadas explicaram o conforto com a desigualdade, enquanto, nos Estados Unidos, a relação foi mais direta entre ideologia política conservadora e conforto. O enquadramento das relações de gênero futuras (estabilidade vs. mudança) também influenciou o conforto, mostrando resistência em cenários de igualdade e redução da justificação em cenários de desigualdade persistente. Por fim, o Manuscrito 5 investigou como o enquadramento da (des)igualdade de gênero impacta as diferenças ideológicas na disposição de apoiar a igualdade de gênero e o conforto com a desigualdade no Brasil e nos Estados Unidos. Análises comparativas com amostras dos Estados Unidos (N = 188) e Brasil (N = 375) revelaram uma interação significativa entre ideologia política, enquadramento e conforto com a desigualdade de gênero como preditores da disposição para ação coletiva. O enquadramento positivo teve um efeito mais mobilizador entre os desconfortáveis com a desigualdade, enquanto o enquadramento negativo mobilizou aqueles confortáveis com ela. Os manuscritos são discutidos de forma integrada à luz da literatura. Palavras-chave: Desigualdade de Gênero. Legitimação. Ideologia Política. Justificação do Sistema.