Impactos socioambientais da coleta de Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa, Bonpl.) na reserva biológica do Rio Trombetas e entorno, Oriximiná, PA

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: LOBO, Mateus Feitosa Siqueira lattes
Orientador(a): SCOLES, Ricardo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Oeste do Pará
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Amazônia
Departamento: Instituto de Engenharia e Geociências
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufopa.edu.br/jspui/handle/123456789/170
Resumo: A análise de uma atividade extrativista de grande importância no bioma amazônico, como é a coleta de castanha–do-pará em uma Unidade de Conservação de Proteção Integral - é fundamental no atual cenário de sobreposição de interesses territoriais. Este estudo teve por objetivo analisar os impactos socioambientais associados a essa atividade na Reserva Biológica do Rio Trombetas (Oriximiná, Pará) a fim de gerar subsídios referentes à dinâmica de uso dos recursos naturais, através da quantificação da importância econômica da coleta de castanha para as famílias de extrativistas quilombolas, da verificação dos possíveis impactos secundários da atividade no ambiente (produção de resíduos e alterações da paisagem) e a identificação dos impactos relacionados à regeneração da castanheira. Foram utilizados conceitos de território e territorialidade como base teórico-metodológica, aliados a conceitos de comunidades tradicionais e inter-relacionadas com as pesquisas a respeito da atividade extrativistas da castanha–do-pará. Aplicou-se questionário para a obtenção de dados socioeconômicos e de alteração da paisagem das comunidades envolvidas na atividade extrativista. Para a análise dos impactos da atividade na regeneração dos castanhais, foram inventariados 14 parcelas de áreas de castanhal, 14 parcelas de áreas de não castanhal e 12 acampamentos temporários foram vistoriados, a fim de verificar a presença de indivíduos regenerantes nestes setores. Atestou-se que a coleta da castanha–do–pará é o PFNM mais importante na composição da renda destas comunidades, somando 28% em média na composição da renda bruta total. A média de extrativistas nos acampamentos foi de 5,4±2,6 extrativistas, a área aberta média foi de 297,4 ±239,1 m² (< 0,03 hectares), com nível de abertura de dossel média de 46,6± 22.81 % e a idade média dos acampamentos foi de 11,2±22,8 anos. O tamanho médio da área dos acampamentos é baixo, com uma média menor a 0,3 hectares, máxima de 962 m2 (quase 0,1 ha) até 49 m2 (0, 005 ha), permitindo certo sombreamento da área, pois abertura de dossel em média não supera 50%. Quanto aos resíduos sólidos, 54% informaram que queimam os resíduos, sendo que somente 26% dos entrevistados asseguraram que recolhem o lixo inerte e levam para as bases avançadas do ICMBIO, com outros 11% que levam para a comunidade seus resíduos, 6% enterram próximo aos acampamentos e somente 3% deixam expostos na as áreas de uso comum. O número total de indivíduos regenerantes encontrados nos ambientes pesquisados foi de 43 indivíduos, sendo que a altura média foi de 0,69±1,08 cm e a DAP média foi de 0,94± 2,66 cm. Foram detectadas plântulas nos 3 ambientes pesquisados (trilha, acampamento e castanhal). O ambiente que teve maior representação de plântulas foi a trilha dos castanheiros (11 de 12 de unidades amostradas), com uma média de 3,1±3,1 plântulas ha-1. Em contrapartida, nos outros dois ambientes pesquisados (acampamento e castanhal), identificaram-se plântulas somente em 5 e 4 unidades de amostragem, o que representa 42% e 33% sobre o total respectivamente. Por fim, observou-se que as questões referentes às demandas territoriais em questão, o controle dos recursos e a medidas conservacionistas dentro da REBIO do Rio Trombetas devem abarcar o saber tradicional destes moradores e usuários do território, promovendo o desenvolvimento destas comunidades.