O processo de subjetivação do indígena em material didático subsidiado pelas (novas) tecnologias

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Moreira, Icléia Caires
Orientador(a): Guerra, Vânia Maria Lescano
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/3040
Resumo: Ao lançar um olhar discurso-desconstrutivista sobre o discurso didático-pedagógico, este estudo problematiza, os possíveis efeitos de sentido de in-exclusão do sujeito indígena emergentes do Guia Didático “Cineastas Indígenas para Jovens e Crianças”, aparato produzido por uma OnG indigenista chamada “Vídeos nas Aldeias” e publicizado no ciberespaço. Especificamente, buscamos: 1) investigar, a partir da noção de interdiscurso, no bojo da Análise do Discurso, representações construídas pela mídia sobre o acontecimento discursivo Guia Didático no ciberespaço; 2) analisar como são construídas as representações sociais de terra e exclusão que perpassam a escritura do guia sobre os indígenas a partir da perspectiva discursiva e do processo de referenciação; 3) apresentar as imagens que a escritura constrói do sujeito indígena e sua cultura perante a sociedade; 4) historicizar os acontecimentos discursivos a fim de averiguar como é constituído o discurso sobre os sujeitos indígenas enunciados de entre-lugares onde o branco se depara com práticas e valores sociais diferentes. Partimos da hipótese de que a representação identitário-cultural do indígena, nesse arquivo subsidiado pelas (novas) tecnologias, publicado como consolidação da Lei 11.645/08, ocorre via discurso do branco e acarreta um processo de subjetivação/identificação desses sujeitos que, em lugar de amenizar o estranhamento da sociedade hegemônica em relação aos sujeitos indígenas com seus traços culturais e identidade histórica, acaba por contribuir, de forma in-excludente para o (re)forço do preconceito, da estereotipação e do estabelecimento das fronteiras étnico-culturais. Focados em um viés epistemológico que compreenda o marginalizado, pautamo-nos, transdisciplinarmente, na perspectiva da Análise do Discurso de origem francesa (PÊCHEUX, 1988; CORACINI, 2007)); no artifício metodológico arqueogenealógico de Foucault (1988, 1997, 2001, 2006, 2013a, 2013b, 2014; e, na visada teórica pós-colonialista (MIGNOLO, 2003-2005-2008; CASTRO-GÓMES, 2005; MORENO, 2005; QUIJANO, 2005, BHABHA, 2013; NOLASCO, 2013; GUERRA, 2015). Dessa forma, dividimos este trabalho em três capítulos: “As dimensões históricas e suas implicações no discurso didático sobre os indígenas subsidiado pelas (novas) tecnologias”, “O entrelaçar dos fios teóricos: a construção do dispositivo analítico” e “Nas fronteiras do dizer: um olhar discursivo sobre processo de subjetivação do Indígena em material didático”. O primeiro dedica-se à escavação das condições sócio-históricas e ideológicas a partir das quais surgiu o livro didático, das questões históricas que envolvem os diversos povos indígenas e da mobilização jurídico-política que se erige na ânsia da integração, além da importância do ciberespaço como esfera de virtualização dos ditos e veiculação dos deslocamentos identitários dos sujeitos. No segundo, entrelaçamos as noções trabalhadas pela AD de origem Francesa, articuladas às contribuições da arqueogenealogia foucaultiana, de modo a formar uma baliza teórica que discuta discurso, sujeito, interdiscurso, formação discursiva, relações de saber-poder, arquivo, governamentalidade. Além disso, trazemos o aporte teórico pós-colonialista, que nos possibilita tecer deslocamentos críticos por meio das epistemologias do Sul, cuja produção científica se orienta para a compreensão dos sujeitos a partir de seus lócus geo-histórico e suas nuances periféricas. No último, apresentamos a análise de recortes do material em foco, problematizando a constituição do processo de subjetivação do indígena nesse artefato publicizado no ciberespaço, em um gesto que possa vir a contribuir com os estudos discursivos sobre a prática da linguagem na contemporaneidade, na condição de agenciadora de condutas e propagadora de traços identitários dos sujeitos. Por meio da análise discursiva, pode-se verificar que o texto funciona como um aparato legitimador de um imaginário que estabelece diferenças entre colonizador/branco e colonizado/indígena, em que noções de “raça” e “cultura” funcionam como dispositivos geradores de identidades opostas, mantenedoras do processo de exclusão pelas vias inclusivas.