Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Scaliante, Daniele Cristina |
Orientador(a): |
Nascimento, Celina Aparecida Garcia de Souza |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/2011
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Resumo: |
Esta pesquisa tem por objetivo problematizar o processo de subjetividade de mulheres internas do Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas - MS via escrita de si, analisando os diferentes modos de constituição desses sujeitos em situação de exclusão, bem como as representações que fazem de si, do outro e da prisão. Assim, este trabalho surge da necessidade de investigar a relação sujeito excluído, sociedade e Instituição, uma vez que discursos cristalizados e jogos de verdade constituem esse contexto pelas relações de poder. Partindo do pressuposto de que a resistência é constitutiva da escrita das mulheres internas pelas relações de poder, temos enquanto hipótese que ao escreverem suas cartas, passam por um processo de exposição de sua subjetividade, por serem essas, lidas pela direção da Instituição, e que, interpeladas pelo silenciamento, emergem, na escrita, discursos da estratégia. A análise focalizou principalmente a compreensão dos modos de constituição da subjetividade das mulheres internas pela escrita de si, com base na metodologia foucaultiana: a arqueogenealogia, e ancorou-se nas seguintes perguntas de pesquisa: de que modo os “muros” da Instituição constituem os sujeitos e os discursos? Como a escrita de si acontece nesse contexto? Quais as representações de si, do outro e da prisão emergem nesse contexto de privação da liberdade? Para tanto, o procedimento metodológico constou da coleta de cinquenta e oito cartas escritas pelas mulheres internas em seu dia-a-dia, sendo os correspondentes: familiares, amigos ou o (a) companheiro (a). Como pressupostos teóricos, buscamos subsídios nos fundamentos da Análise do Discurso de linha francesa inaugurada por Pêcheux (1997a, 1988, 1990), utilizando, em especial, seu conceito de formações imaginárias (1988). Sob uma abordagem transdisciplinar e de perspectiva discursivo-desconstrutivista, para tratar de formação identitária, fundamentamos esta investigação em Coracini (2003, 2007). Sobre as relações de poder, jogos de verdade, subjetividade e escrita de si, partimos de Foucault (1979, 2006a, 2006b, 2006c). Em relação aos resultados, a análise mostrou que na/pela escrita de si desses sujeitos emergem discursos da resistência e/ou da estratégia em confronto com a situação de exclusão na qual se veem, caracterizando, assim, seu modo de constituição de si. Ainda, apontamos as relações de poder por meio desses discursos que, por sua vez, são interpelados pelos dispositivos de controle, que buscam silenciar esses sujeitos em privação de liberdade. Esta pesquisa está dividida em três capítulos: o primeiro contém os fundamentos teóricos da Análise do Discurso; no segundo, apresentamos as condições de produção que constituem o discurso das mulheres internas por meio de aspectos históricos que retratam a prisão em diferentes períodos, bem como descrevemos a constituição do corpus apontando, sobretudo, o Regimento Interno da Instituição Penal de que provém. Por fim, o terceiro capítulo traz os gestos de interpretação mobilizados nas/sobre as cartas das mulheres internas pela escrita de si, que permitiram identificar os discursos que emergem nesse contexto de privação da liberdade, bem como, os efeitos de sentido que corroboram uma representação da prisão como lugar de exclusão. |