Memória e identidade: a narrativa histórica do Cemitério da Glória

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Lira, Max Aurélio Mendes lattes
Orientador(a): Olender, Olender lattes
Banca de defesa: Lanari, Raul Amaro de Oliveira lattes, Christofoletti, Rodrigo
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em História
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/15502
Resumo: O Cemitério da Glória carrega a importância de ter sido o primeiro cemitério surgido na então antiga Vila de Santo Antônio do Paraibuna, instalado paralelamente ao desenvolvimento da mesma, quando atingindo o posto de cidade em 1856. Este foi o ano de delimitação do terreno para o Cemitério da Companhia União e Indústria, denunciado pelo marco centenário de pedra cônica em ponta oval na entrada do espaço. Mariano Procópio Ferreira Lage, havia três anos antes, fundado a Companhia União e Indústria para fomentar os seus projetos de desenvolvimento em benefício da dita Vila. A firma objetivava ligar Juiz de Fora à Petrópolis, escoando os produtos agrícolas por uma estrada de rodagem que por ela viria a ser construída. Além disso, a empresa também pretendia formar uma colônia de imigrantes, para impulsionar a produção agrícola local e fluir o comercio da região. A fim de trabalhar nas oficinas, Mariano Procópio decide contratar um grupo de vinte artífices em Hamburgo. Esses artífices eram especialistas nos ofícios de ferreiro, serralheiro, carpinteiro, marceneiro, correeiro e pintor. Sendo esses operários de origem germânica e professos da crença luterana, o comendador antevê os problemas que enfrentaria com a Igreja local e instala nas propriedades da empresa, um vasto terreno para servir de cemitério e sepultar os seus subordinados. Isso, visto que, o campo santo de enterramentos intramuros não suportava a utilização por indivíduos que não fossem de religião católica. A chegada dos artífices, foi o prelúdio da Imigração em massa ocorrida dois anos depois, em 1858. Agora, mais do que nunca, haveria o Cemitério da Companhia União e Indústria exercer fundamental valor prático. Naquele ano embarcaram em Hamburgo os imigrantes dispostos em cinco barcas: Tell, Rhein, Gundela, Gessner e Osnabrück. Eles eram oriundos do Ducado de Schleswig (antigo feudo danês), do Condado de Holstein, do Reino da Prússia, do Grão-Ducado de Hessen, do GrãoDucado de Baden e do Condado do Tirol na Áustria. Destes, os tiroleses são os que somavam o maior grupo, com 26% do total de colonos. Portanto, se formos analisar, o número de tiroleses é maior entre os demais grupos vindos em 1858, podendo ser identificado o processo migratório, como uma Imigração Tirolesa, e neste caso, a primeira a acontecer no Brasil. Sendo também maior o número de imigrantes católicos, o culto à Deus pela devoção de Nossa Senhora da Glória foi trazido por eles. Em Juiz de Fora, essa devoção garantia a manutenção das identidades regionais e católica dos colonos que ali se instalaram. Sua primeira manifestação se deu na consagração do Cemitério da Companhia União e Indústria como Cemitério Nossa Senhora da Glória. Tão logo foram surgindo capelas em sua honra e todo o povoado da Estação floresceu a partir da fixação de parte daqueles imigrantes no entorno do Cemitério. O Cemitério que comumente é considerado um lugar de relação íntima com a morte, passou a exercer uma relação contrária: a de dar vida à comunidade que vinha surgindo, mantendo viva a fé dos imigrantes, e acesa a chama das tradições católicas e luteranas. É no Cemitério da Glória que as manifestações da presença germânica na cidade são mais expressivas. Suas identidades religiosa e linguística, bem como sua relação com a morte são linhas que intercalam a história do Cemitério da Glória e da Imigração Alemã e Tirolesa de 1858 em Juiz de Fora.