Aquisição da linguagem e variação linguística: um estudo sobre a flexão verbal variável na aquisição do PB

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Molina, Daniele de Souza Leite lattes
Orientador(a): Name, Maria Cristina Lobo lattes, Marcilese, Mercedes lattes
Banca de defesa: Salgado, Ana Cláudia Peters lattes, Augusto, Marina Rosa Ana lattes, Armelin, Paula Roberta Gabbai lattes, Lopes, Ruth Elisabeth Vasconcellos lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/8015
Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo investigar a produção e a compreensão da flexão verbal de 3ª pessoa do plural por crianças adquirindo o português brasileiro (PB). Estudos desenvolvidos na área da Sociolinguística Variacionista destacam o caráter variável da marcação de plural no PB, tanto no âmbito do sintagma nominal, quanto no sintagma verbal (NARO, 1981; SCHERRE, 1994; SCHERRE; NARO, 1992; 1993; 1998; 2000; 2006; NARO; SCHERRE, 1991; 1993; 1999; 2007). Buscamos discutir, do ponto de vista da aquisição da linguagem, a identificação, a produção e a compreensão da marcação de número por crianças, levando em consideração que, no PB, a informação morfofonológica de número pode – a depender da(s) variedade(s) com a(s) qual(is) a criança está em contato – aparecer de forma pouco sistemática no input. Em um estudo longitudinal, investigamos a produção de morfemas verbais de terceira pessoa do plural por crianças e adultos em contextos de interação. A análise dos dados revela que, embora haja variação entre marcação morfofonológica redundante e não redundante, a realização da marca redundante de plural no verbo é bastante frequente na fala dos adultos e das crianças de classe média residentes em área urbana. Já na fala de crianças de classe baixa residentes em área rural, prevalece a marcação não redundante. Diversos estudos sugerem, porém, que, embora a flexão de número seja produzida por crianças por volta dos três anos de idade, até a faixa etária de seis anos, crianças apresentam dificuldades na interpretação da morfologia verbal em tarefas de compreensão (JOHNSON; DE VILLIERS; SEYMOR, 2005; PÉREZ-LEROUX, 2005; LEGENDRE et al., 2010; BLÁHOVÁ; SMOLIK, 2014). A partir de um estudo experimental, investigamos a identificação e a compreensão de numerosidade veiculada pelo morfema de terceira pessoa (singular e plural) no PB por crianças brasileiras em contextos em que a informação de número é realizada de maneira redundante (no sujeito e no verbo) e em contextos em que a informação de número é expressa apenas no verbo (sujeito nulo). Os resultados revelaram a identificação da marcação morfofonológica de plural e o mapeamento dos enunciados plurais a imagens com mais de um agente. Em conjunto, os resultados obtidos sugerem que há um desenvolvimento no mapeamento feito por crianças entre marcação morfofonológica e conceito de numerosidade em função da faixa etária. Além disso, o fator grupo socioeconômico também parece influenciar o desempenho dos participantes. A variabilidade identificada no input, por outro lado, parece não interferir na compreensão do morfema verbal de plural por parte dos participantes avaliados, uma vez que o desempenho das crianças adquirindo o PB vai ao encontro do verificado em línguas nas quais a flexão verbal de número é sistemática.