Efeito da experiência migratória internacional no mercado de trabalho na origem: evidências para brasileiros/as de retorno ao estado de Minas Gerais com ênfase na microrregião de Governador Valadares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Domingues, Devani Tomaz lattes
Orientador(a): Vilela, Elaine Meire lattes
Banca de defesa: Neves, Jorge Alexandre Barbosa lattes, Rezende, Dimitri Fazito de Almeida lattes, Siqueira, Sueli lattes, Fernandes, Duval Magalhães lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Programa de Pós-Graduação: -
Departamento: -
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6723
Resumo: O objeto central desta tese é compreender o efeito do processo migratório sobre a inserção do migrante internacional de retorno no mercado de trabalho do país de origem. Tem como foco os brasileiros de retorno ao Estado de Minas Gerais e, particularmente, à Microrregião de Governador Valadares. As questões norteadoras do estudo são: a experiência migratória internacional tem impacto para o indivíduo quanto a sua inserção no mercado de trabalho no país de origem? Se sim, esse impacto é positivo ou negativo? Quais fatores ligados à experiência migratória afeta a situação socioeconômica do indivíduo no mercado de trabalho de origem? A proposta é identificar se o migrante de retorno está em vantagem ou em desvantagem no mercado de trabalho brasileiro em comparação aos nacionais não migrantes e migrantes interestaduais. Ou se ele se encontra em iguais condições aos demais. Para isso, além do fato de ser retornado ou não, investiga-se também quanto os efeitos do destino da emigração, do tempo de residência após o retorno e do fato de professar crença religiosa predominante ou não na comunidade sobre a situação no mercado de trabalho. Por fim, verifica-se o efeito das redes sociais sobre a situação socioeconômica do retornado. A situação socioeconômica no mercado de trabalho é mensurada por meio da renda, da probabilidade de estar empregado e da posição ocupacional. O estudo fundamenta-se nas metodologias quantitativa e qualitativa, explorando uma amostra dos microdados do Censo Demográfico de 2010 (IBGE) e dados secundários provenientes de duas pesquisas realizadas na Microrregião de Governador Valadares, no Estado de Minas Gerais, entre os anos de 2012 e 2015. Além disso, retoma dados primários da pesquisa qualitativa realizada por mim, entre os anos de 2006 e 2007. Na análise da amostra do Censo 2010, utilizam-se técnicas estatísticas de modelagem hierárquica – linear, logit binomial e logit multinomial com interceptos aleatórios, via GLLAMM (generalized linear latent and mixed models). Os resultados mostram que, comparados aos não migrantes e migrantes interestaduais, os retornados de uma migração internacional têm rendimentos médios maiores. Entretanto, quanto estar ou não empregado verifica-se que eles estão em desvantagem, uma vez que os mesmos apresentam menores chances de estarem ocupados se comparados aos não migrantes. Quanto à posição ocupacional, evidencia-se uma razão relativa de risco superior para o retornado, destacando propensão a estar na condição de empregador ou trabalhador por conta própria, em relação a estar empregado. Pode-se afirmar que o destino da emigração afeta o rendimento no mercado de trabalho, evidenciando que os retornados dos Estados Unidos possuem renda média superior aos demais retornados de Portugal e Itália. Ademais, a participação em instituição religiosa e tempo de residência no Estado de Minas Gerais se mostraram com forte poder explicativo no aspecto da empregabilidade, permitindo-nos argumentar sobre a importância das interações e fortalecimento dos laços sociais para a reinserção produtiva. Os relatos evidenciam várias dificuldades enfrentadas no processo de readaptação e empregabilidade na origem, perda de referenciais socioculturais e queda na qualidade de vida econômica. Apesar de apontarem para as dificuldades, os entrevistados manifestam satisfação de estarem de volta e enfatizam a importância dos laços sociais, reafirmando ter sido primordial o apoio da família e dos amigos para a readaptação e inserção no mercado de trabalho.