A vida pelo avesso: um estudo das configurações da morte em A menina morta, de Cornélio Penna

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Tavella, Patricia Sá de Almeida lattes
Orientador(a): Mendes, Moema Rodrigues Brandão lattes
Banca de defesa: Redmond, William Valentine lattes, Millen, Maria Inês de Castro lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF)
Programa de Pós-Graduação: -
Departamento: -
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/6176
Resumo: A menina morta (1970), romance do escritor Cornélio Penna (1896-1958) foi publicado em 1954, tendo como alicerce a temática da morte. A história se inicia com a morte de uma menina, denominada em toda a narrativa como a menina morta, e o sofrimento das personagens diante dessa perda. Esta pesquisa desenvolve-se, então, a partir da elaboração do seguinte problema: a literatura pode servir para apresentar, de modo estético, imagens que falam por si sós aquilo que a ciência tenta conceituar com muitas palavras? A hipótese levantada é de que, este romance, especificamente, permitiu refletir sobre a destruição psíquica dos moradores da fazenda do Grotão, espaço físico onde se desenvolve a narrativa, pensando como a ambiência mórbida apresentada na referida obra pôde evidenciar aspectos comportamentais e psíquicos do homem diante da morte, seja esta biológica ou psíquica. E, a justificativa para o levantamento desta hipótese é de que este psiquismo em destruição parece consolidar-se a partir da percepção de que a morte vivenciada vai além da morte biológica da menina morta, revelando inclusive, personagens que, em virtude disso, mostram-se aniquiladas em si mesmas. Nesse sentido, o objetivo geral dessa investigação é refletir como a ambiência narrativa do romance, por meio da análise de algumas personagens, permite a interlocução com a perspectiva sócio-histórica, e, em especial com a psicanalítica, a respeito do homem e sua relação com a morte. Considerou-se importante situar a obra em seu contexto histórico-literário, para que não se corresse o risco de limitá-la à classificação, enquanto obra, de teor, predominantemente, introspectivo, devido à sua complexidade. A metodologia aplicada a esta pesquisa é exploratória, bibliográfica e hermenêutica crítica. Algumas fontes teóricas fundamentaram a reflexão sobre a morte em uma perspectiva sócio-histórica: os estudos de Edgar Morin (1997) e de Philippe Ariés (2003) apoiados pela teoria psicológica, elaborada por Sigmund Freud (1996). Estas teorias procuram entender o homem, enquanto sujeito, diante da morte. Para esta representação psíquica foram utilizados os conceitos de pulsão de morte e melancolia, legitimados pela psicanálise freudiana. No que se refere à afecção melancólica, estudos desenvolvidos pelas autoras Julia Kristeva (1989) e Marie-Claude Lambotte (1997) completam a reflexão.