O ressentimento e o sagrado em René Girard

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Miguel, Maiara Rúbia lattes
Orientador(a): Pires, Frederico Pieper lattes
Banca de defesa: Rodrigues, Elisa lattes, Barsalini, Glauco lattes, Peretti, Clélia lattes, Souza, Humberto Araujo Quaglio de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2021/00456
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13500
Resumo: Esta tese busca compreender a relação entre os conceitos religião e ressentimento no pensamento do antropólogo René Girard (1923-2015). Esta análise intenta compreender o porquê de o cristianismo, enquanto proposta para superação da violência no pensamento de Girard, não ser suficiente para a superação do ressentimento. Para este trabalho foi empregado o método comparativo para que as diferentes narrativas da literatura clássica pudessem ser analisadas ao lado dos estudos comparativo dos mitos, relatos etnográficos e textos bíblicos. Análise possibilitada pela antropologia do mecanismo persecutório, tal como Girard o faz. Com este estudo foi possível compreender a dinamicidade das relações humanas que é mimética e se estrutura através de mediações. Existe uma imitação ideal que é a mediação externa e existe a imitação que conforma o ressentimento, que é a mediação interna. A partir da realidade da conformação do ressentimento temos a indiferenciação e o propagar da violência que contagia uma multidão. Essa violência, para ser expulsa do coração da sociedade, depende da violência sacrificial através do performar ritualístico do sacrificio. Girard defende que os textos Evangélicos Marcos, Mateus, Lucas e João desvelam o contágio mimético da multidão e a realidade do sacrificio de uma vítima inocente. Por esse motivo, a revelação cristã é um convite para a imitação desinteressada de Deus, a partir de Jesus Cristo. Porém, com o resgate do conceito de ressentimento foi possível perceber que mesmo com a revelação cristã ainda há a necessidade de uma resposta que parta de uma instituição sacrificial e/ou herdeira da mesma, como o judiciário, por este ser a última palavra da vingança, sentimento que conforma o ressentimento. A revelação cristã pelos textos dos Evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João apresentam um ponto de vista sobre uma escolha subjetiva de convivência nos processos miméticos, mas ainda depende de uma instituição, como no caso de nossa sociedade racionalizada, do judiciário para a coesão social. A ruptura que o cristianismo traz é revelar a conformação das multidões e a inocência da vítima que, aos olhos de Girard, se trata da ruptura do religioso arcaico. Porém, mesmo com essa ruptura ainda se faz necessário o emprego do judiciário para coesão social.