A relação entre linguagem, teoria da mente e funções executivas: um estudo experimental na aquisição do português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Ana Paula da lattes
Orientador(a): Teixeira, Luciana lattes
Banca de defesa: Souza, Débora de Hollanda lattes, Lopes, Ruth Elisabeth Vasconcellos lattes, Rodrigues, Marisa Cosenza lattes, Fonseca, Aline Alves lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/5885
Resumo: Esta tese apresenta um estudo de base experimental, em que se investigam as possíveis relações entre Linguagem, Teoria da Mente e Funções Executivas. Assume-se como Teoria da Mente (ToM – do inglês Theory of Mind) a capacidade cognitiva de o indivíduo perceber seus próprios estados mentais e os dos outros e, dessa forma, predizer suas ações ou comportamentos (ASTINGTON & GOPNIK, 1988, 1991; FELDMAN, 1992; WELLMAN, 1991). Já as Funções Executivas (FEs) são compreendidas como processos cognitivos impulsionados em atividades que demandam elevado nível de processamento, como planejar, inibir, coordenar e controlar uma sequência de ações para a manutenção de um determinado objetivo. Neste estudo, focalizam-se os seguintes domínios das FEs: memória de trabalho, inibição e flexibilidade cognitiva (DIAMOND, 2013; LEHTO et al.; 2003; MIYAKE et al.; 2000). A perspectiva teórica assumida é a de se considerar uma concepção minimalista de língua (CHOMSKY, 1995 – atual) e, mais especificamente, de faculdade da linguagem nos termos de Hauser et al. (2002), enquanto faculdade mental constituída de duas instâncias: a FLN (Faculty of Language in the narrow sense ou Faculdade da Linguagem em sentido estrito) e a FLB (Faculty of Language in the broad sense ou Faculdade da Linguagem em sentido amplo). A interface gramática-pragmática é investigada com base em uma teoria pragmática formal de natureza cognitiva, nos termos da Teoria da Relevância (SPERBER & WILSON, 2001; 2002). A hipótese que norteia este trabalho é a de que existe uma correlação entre o desenvolvimento das FEs e o desenvolvimento da ToM, com implicações para o raciocínio de CFs, e que o insucesso de crianças com idade inferior a 4 anos nesses testes não se deve precipuamente à falta de domínio de uma estrutura linguística recursiva, contrariando a proposta de Villiers (2005-2007). O objetivo geral deste estudo é o de melhor caracterizar a sobreposição de demandas cognitivas linguísticas e não linguísticas envolvidas em tarefas de Crenças Falsas (CFs) de 1ª ordem. Para isso, foram realizados dois conjuntos de experimentos. O primeiro conjunto, conduzido com crianças de 3-4 anos, tem os seguintes objetivos: (i) verificar em que medida a retomada anafórica por meio de DPs plenos acarreta menor demanda de processamento; (ii) aferir se a alteração do status informacional do texto narrado, estabelecendo-se a referência a personagens e objetos da história por meio de DPs plenos, interfere positivamente no desempenho das crianças; (iii) investigar em que medida a intencionalidade, enquanto fenômeno mental, constituise como pista relevante para a atribuição de CFs por essas crianças. O segundo conjunto de atividades experimentais, composto por 3 testes e uma tarefa clássica de CF, foi aplicado a crianças de 3;0-3;11 e 4;0-4;11 anos, as quais participaram de todas as atividades. Os objetivos são: (i) verificar o desempenho dessas crianças em tarefas que envolvem FEs, e (ii) verificar se há correlação entre os resultados obtidos nos testes e no experimento de CF. Os resultados indicam que a capacidade de lidar com a sobreposição de diferentes demandas cognitivas linguísticas e não linguísticas se constitui como fator diretamente relacionado à habilidade de conduzir um raciocínio de crenças falsas e que há uma correlação entre o desempenho das crianças em tarefas voltadas às FEs e à de CF.