A interface teoria da mente e linguagem: investigando demandas linguísticas na compreensão de crenças falsas de 1ª ordem na aquisição do português brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Silva, Ana Paula da lattes
Orientador(a): Teixeira, Luciana lattes
Banca de defesa: Augusto, Marina Rosa Ana lattes, Name, Maria Cristina Lobo lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/1640
Resumo: Focaliza-se, neste trabalho, a interface Lingua(gem) e Teoria da Mente (ToM), enfatizando-se o raciocínio de Crenças Falsas (CFs). Investiga-se se demandas linguísticas interferem no modo como crianças em processo de aquisição do Português Brasileiro (PB) lidam com tarefas-padrão de CFs de 1ª ordem. A definição de ToM tem sido compreendida como a habilidade de o ser humano compreender seus próprios estados mentais e os dos outros e, dessa forma, predizer suas ações ou comportamentos (ASTINGTON & GOPNIK, 1988, 1991; FELDMAN, 1992; WELLMAN, 1991). Adota-se uma perspectiva psicolinguística de aquisição da linguagem – Bootstrapping Sintático (GLEITMAN, 1990), aliada a uma concepção minimalista de língua (CHOMSKY, 1995-2001). Considera-se, ainda, a proposta de DE VILLIERS (2005-2007), segundo a qual a sintaxe de complementação é um prérequisito para que o domínio da ToM se estabeleça. Foi elaborada uma atividade experimental constituída de 3 pré-testes e de uma tarefa clássica de CF de mudança de localização (cf. WIMMER & PERNER, 1983). Os 3 pré-testes foram aplicados a 24 crianças de 3-4 anos, com vistas a verificar: (i) a capacidade de a criança avaliar o caráter verdadeiro ou falso de determinadas proposições a partir de historinhas inventadas; (ii) a compreensão de sentenças interrogativas com QU- deslocado e in situ com verbos epistêmicos; e (iii) a compreensão de sentenças simples e complexas com verbos epistêmicos. Já o teste padrão de CF contou com a participação das 24 crianças com 3-4 anos e, ainda, com 24 crianças de 5-6 anos de idade. Foram manipuladas as seguintes variáveis linguísticas: a) tipo de QU- (in situ e deslocado); b) tipo de sentença (simples – Para o João, onde a bola está? e complexa – Onde o João acha que a bola está?). A hipótese é a de que a sintaxe de complementação não é condição suficiente para que o domínio de CFs se estabeleça. Os resultados indicam que: em relação aos 3 pré-testes, crianças, nessa faixa etária, são capazes de estabelecer o mapeamento de um evento a uma proposição e de julgar seu valor-verdade, independentemente da estrutura sintática que o apresenta; em relação à tarefa de CF, (i) houve uma diferença significativa entre as respostas das crianças das duas faixas-etárias, pois as crianças de 3-4 anos obtiveram um número de acertos inferior ao das de 5-6 anos; (ii) nas respostas envolvendo sentenças simples e complexas, não se verificou uma diferença relevante; e (iii) houve diferença significativa quanto ao tipo de QU- , na faixa-etária de 3-4 anos, pois o número de acertos foi maior quando não houve deslocamento do pronome interrogativo. Tais resultados são compatíveis com a hipótese apresentada, uma vez que as crianças menores obtiveram um número de acertos pouco expressivo tanto nas condições com sentenças simples quanto naquelas com sentenças complexas, e as maiores conseguiram um número bastante expressivo em ambas as condições. Isso sugere que a capacidade de operar recursivamente e o domínio de verbos epistêmicos não são condições suficientes para a compreensão de CFs.