“O Conto da Aia”, de Margaret Atwood: a literatura distópica sob a dominação sem sujeito

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Garcia, Carlos Eleonay Meirelles lattes
Orientador(a): Fernandes, Dmitri Cerboncini lattes
Banca de defesa: Peixoto, Luiz Antonio da Silva lattes, Regatieri, Ricardo Pagliuso lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/17738
Resumo: O presente trabalho parte da análise da obra literária "O Conto da Aia" buscando desenvolver uma estrutura de sentimentos própria da literatura caracterizada como distopia. Nossa hipótese consiste na compreensão metodológica da estrutura de sentimentos das distopias a partir de um enfoque conceitual e estético à ideia de contemplação, enquanto uma condição atônita do sujeito moderno nas consequências autoritárias e reificadas da razão iluminista, produtora de uma dominação social inconsciente entre os indivíduos. Nesse sentido, argumentamos sobre a incapacidade de práxis das personagens na representação literária distópica, entendendo, na forma e no conteúdo dessa representação artística, o diagnóstico de uma decadência ideológica burguesa (uma crise dos valores iluministas), bem como uma mediação convergente aos elementos e sentidos expressos nessa crise, tal como o irracionalismo. Assim, buscamos explorar a representação social dentro das distopias a partir do conceito de dominação sem sujeito, elaborado por Robert Kurz, em que destacamos a autorreprodução da sociedade distópica a partir de uma racionalização dos sujeitos, em que são instrumentalizados para uma finalidade alheia, ou melhor, contrária à emancipação humana. Desse modo, demonstraremos como a representação social do enredo distópico, baseado nessa absoluta alienação entre os sujeitos, compreende a sociabilidade moderna a partir do fetichismo da mercadoria e de sua valorização do valor. Por fim, discutimos as dimensões de criticidade da literatura de distopia, apontando sua perspectiva negativa e de rejeição aos elementos burgueses, iluministas, bem como sua exploração dos elementos estéticos decadentes que absolutizam a cisão entre sujeito e objeto, manifestando uma total incognoscibilidade do ser social, concepção do irracionalismo moderno como expressão de uma Filosofia da História reacionária.