Um camaleão oitocentista: imprensa e política na construção da biografia de Luiz Augusto May (Portugal/Londres/Brasil, 1810-1850)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Pires, Myriam Paula Barbosa lattes
Orientador(a): Barbosa, Silvana Mota lattes
Banca de defesa: Barata, Alexandre Mansur lattes, Acruche, Hevelly Ferreira lattes, Souza, Adriana Barreto de lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em História
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2023/00104
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16432
Resumo: Esta tese analisa a atuação política do militar, redator e deputado, Luiz Augusto May, na América Portuguesa e no Império do Brasil. Nascido em Lisboa em 1782, Luiz May atravessou anos importantes da formação do Estado na América lusa e posteriormente à independência, estando atuante no Império até o ano de 1850. Formou-se como soldado do Exército no ano de 1798. Um ano depois, conquistou permissão real para atuar na América, na região do Grão-Pará como Tenente, na arma da Artilharia. Em 1810, já novamente no reino luso, passou a desempenhar função na diplomacia lusa, participando da Legação de Londres sob o comando do Ministro Plenipotenciário Dom Domingos de Sousa Coutinho. Após alguns meses, mudou-se para a América como capitão do Exército. Nestasterras, atuou nas Secretarias de Estado como subordinado do Conde das Galveias. Após a morte deste último, Luz Augusto May passou a escrever inúmeras cartas ao soberano e a seus Ministros no intuito de solicitar nova proteção, manter seu posto, bem como de reaver seus vencimentos militares, uma vez que os perdera quando passou a ocupar na diplomacia. Em 1813, esteve novamente na região do Grão-Pará e Rio Negro. Na ocasião, produziu pareceres acerca das condições de defesa e de subsistência da região. Após 8 anos, no contexto de efervescência política em torno do impasse entre o Reino do Brasil e o Reino luso, Luiz May passou a ser redator de jornal. Na ocasião, fundou veículo próprio, intitulado pelo mesmo de: A Malagueta. A partir de seu jornal, tornouse figura conhecida na Corte do Rio de Janeiro, além de outros espaços, como Lisboa e Londres. Seu estilo irônico e veemente, além de forte ataque ao Ministério Andrada, trouxe-lhe graves consequências, tais como - desmoralizações públicas e espancamentos. Ao longo do tempo, alcançou o cargo de deputado nas Legislaturas de 1826 e 1830, tendo lançado importantes projetos. Durante o Governo Regencial, esteve bastante firme em suas críticas ao projeto do grupo governista, intensificando a sua defesa por uma proposta Federo-Constitucional. Nesse sentido, tornou-se atuante na Sociedade Federalista, na condição de seu segundo secretário. Coma vitória do grupo de Evaristo da Veiga, o biografado (May) partiu para Lisboa, integrando o Exército da Usurpação. Cabe ressaltar que tal movimento durou pouco, tendo desistido e retornando meses depois. Em meados da década de 1840, já há alguns anos de volta como Oficial Maior na Secretaria de Estado, deixou documentação contundente tratante das relações de soberania entre o Império do Brasil e a Inglaterra, a França e a Argentina. Além dos fatos apontados, vale notar que a construção da sua biografia revela também fronteiras para ascensão social em cenário de firmes regras caudatárias do Antigo Regime português, mas que se mantinham ainda no oitocentos, em especial para aqueles que, como no caso, não pertenciam a famílias tradicionais da sociedade colonial.