Construções de movimento fictivo em Português do Brasil: cognição e corpus

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Dornelas, Aline Bisotti lattes
Orientador(a): Rocha, Luiz Fernando Matos lattes
Banca de defesa: Vieira, Amitza Torres lattes, Rocha, Ana Paula Antunes lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/4638
Resumo: O presente estudo tem como objetivo descrever e analisar Construções de Movimento Fictivo do Português do Brasil (CMF), do tipo “A estrada vai até a praça...” e “A veia percorre toda a extensão do braço...”. Tais construções utilizam um verbo de movimento associado a um tema estático. Como base teórica, utilizamos pressupostos da Linguística Cognitiva (TALMY, 2000; LANGACKER, 1987, 1999, 2008; FAUCONNIER, 1997; FAUCONNIER; TURNER, 2002) e dos Modelos de Gramática Baseados no Uso (LANGACKER, 1987, 1999, 2008; GOLDBERG, 1995, 2006; GOLDBERG; JACKENDOFF, 2004). Como aporte metodológico, elegemos instrumentos da Linguística de Corpus(SARDINHA, 2004; SILVA, 2008), que forneceram condições para a formação de um corpus específicos das CMF, com 536 ocorrências. A análise subsequente revelou dois padrões formais mais produtivos: (1)[XSNEYVM(ZSP)] (...o cabelo(SNE)ia(VM)até o pé(SP)) e (2) [XSNE YVM ZSN] (A artéria vertebral(SNE) (...) percorre(VM)o restante da coluna(SN)). O padrão (1), com variações, apresentou 34 tipos e 372 ocorrências; o padrão (2), com variações, 16 tipos e 164 ocorrências. Postula–se que a motivação cognitiva das CMF advémdo processo de mesclagem conceptual entreum domínio de experiência de movimento e outrorelacionado visualmente à extensão, o que promove um escaneamento visual da extensão. Essa motivação faz com que, no polo semântico–pragmático, as CMF evoquem uma matriz dominial caracterizadora de espaço físico, focalizando domínios conceptuais de área, dimensão, localização, formato, posição e direção. Pragmaticamente, possuem função descritiva, possibilitando a reconstrução mental da cena estática em questão. Quanto ao ambiente discursivo, as CMF se encontram em maior número nos gêneros ficção e acadêmico e estão relacionadas a tópicos conversacionais como anatomia, turismo, geografia, urbanismo, construção, vestuário e explicação de rotas, que têm como centro a descrição de trajetórias ou outros objetos que são conceptualizados como trajetórias.Assim, nossa análise coloca as CMF como mais um nódulo na rede de construções do PB e procura contribuir com a descrição de nova rede – a rede construcional do movimento. A análise das CMF traz à tona a atuação da mesclagem conceptual na formação de novas construções. Atesta, ainda, a relevância da abordagem da linguagem corporificada proposta pela Linguística Cognitiva e a visão da língua como inventário de construções moldadas pelo uso discursivo.