Triagem para doença de Fabry – um estudo transversal com uma nova abordagem clínica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Sodré, Luciana Senra de Souza lattes
Orientador(a): Fernandes, Natália Maria da Silva lattes
Banca de defesa: Franco, Marcia Regina Gianotti lattes, Ferreira, Gustavo Fernandes lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/4600
Resumo: Introdução: A doença de Fabry é uma doença hereditária ligada ao cromossoma X. É um erro inato no metabolismo dos glicoesfingolipídeos. Devido à ausência ou deficiência da Alfagalactosidase A, ocorre acúmulo da globotriasilceramida no tecido dos órgãos, levando à considerável morbimortalidade. A maioria dos estudos faz triagem somente de homens em hemodiálise. Objetivos deste estudo: 1- Avaliar a prevalência da doença de Fabry em centros de diálise no Brasil em homens e mulheres, feita inicialmente com um questionário e, a seguir, com um algoritmo computacional que seleciona os casos suspeitos para coleta de sangue. 2- Observar a presença e importância dos principais sinais e sintomas nos pacientes com doença renal. Métodos: Este estudo consta de uma análise de dados secundária de um projeto multicêntrico denominado: Análise Clínica e Epidemiológica da Doença de Fabry nos Centros de Diálise do Brasil, “Projeto Rim Fabry Brasil”. Foram incluídos no estudo 854 centros de diálise de todo o Brasil. Foi aplicado questionário/algoritmo computacional nos pacientes e após ter-se encontrado os pacientes com a doença de Fabry, seus familiares foram triados. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Depois de aplicado o questionário, esses dados foram digitados em um programa de computador (algoritmo computacional) criado pelo coordenador do estudo. Esse programa/algoritmo computacional separa em descarte, os que provavelmente não têm a doença de Fabry, em suspeitos, os que foram encaminhados para coleta de sangue e análise. Quando detectados pacientes suspeitos, esses tiveram sangue coletado em papel filtro para dosagem enzimática e teste genético. Foi realizada uma análise descritiva dos dados e razão de verossimilhança entre os sintomas de pacientes com doença de Fabry e doença renal vs pacientes com doença de Fabry sem doença renal. Foi realizado também a razão de verossimilhança nos grupos de análise vs descartados, coleta vs descartados e positivos vs negativo. Resultados: Foram triados 36442 indivíduos com doença renal e encontrados 71 pacientes com doença de Fabry. Foram pesquisados 1214 indivíduos entre os familiares dos pacientes positivos com a doença renal e encontrados mais 115 indivíduos com doença de Fabry. Somaram-se então 37656 pacientes, sendo 28284 descartados e 9301 encaminhados para análise, encontrados 186 positivos no total da amostra. A prevalência de doença de Fabry na população com doença renal foi de 0,19% antes do questionário e algoritmo computacional e, depois de aplicados, foi de 0,87%. Entre os familiares foi de 9,47%. Na população total do estudo foi de 0,49% e, naqueles triados pelo algoritmo computacional, 2,24%. Houve maior prevalência de mulheres (65,1%), apesar de terem sido triados mais homens (59,3%). Foram separados dois grupos: doença de Fabry com doença renal (n=71) e doença de Fabry sem doença renal (n=115). Com relação aos sinais e sintomas e as comorbidades, foram mais frequentes as doenças reumatológicas (71,8%) seguida das doenças cardíacas (60,6%), diminuição ou ausência da transpiração (42,3%), hipertensão arterial (35,2%), depressão (28,2%), intolerância ao calor e ao frio (28,2%), crises de dor que se espalham pelo corpo (26,8%), doenças neurológicas (25,4%), sensação de queimação nas mãos e nos pés (23,9%), sensação de dormência nas mãos e pés (22,5%), e febre recorrente (16,9%) naqueles com doença renal. Conclusão: Encontramos uma prevalência próxima à descrita na literatura, quando não considerado o questionário e o algoritmo computacional. Considerando o questionário e o algoritmo computacional, a prevalência sobe em toda população triada, incluindo os familiares. Quando considerado somente a população com doença renal, a prevalência é de 0,19% antes do questionário e algoritmo computacional e de 0,87%, depois do questionário e algoritmo computacional. Nos familiares dos pacientes com doença de Fabry a prevalência foi de 9,47%. Na população total do estudo foi de 0,49% antes do questionário e algoritmo computacional e de 2,24% depois do questionário e algoritmo computacional. Encontramos também maior prevalência de casos da doença de Fabry, no gênero feminino. Percebemos que o grupo com doença renal apresenta mais sinais e sintomas da doença de Fabry que o grupo sem doença renal. Acreditamos que o uso do algoritmo computacional aumenta a sensibilidade do questionário, possibilitando o diagnóstico de um maior número de casos, restringindo a análise laboratorial a casos de maior risco.