Prevalência e fatores associados a variantes do gene GLA (doença de Fabry): Screening nacional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Sodré, Luciana Senra de Souza lattes
Orientador(a): Fernandes, Natália Maria da Silva lattes
Banca de defesa: Franco, Marcia Regina Gianotti lattes, Carmo, Wander Barros do, Divino Filho, Jose Carolino, Suassuna, Paulo Giovanni de Albuquerque
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/te/2023/00141
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/15658
Resumo: Introdução: A Doença de Fabry (DF) é uma patologia genética, crônica, progressiva e multissistêmica ligada ao cromossomo X. É causada por variantes no gene GLA que leva à ausência ou deficiência da enzima Alfa Gal A, resultando no acúmulo de globotriaosilceramida (Gb3). Tem-se descrito na literatura mais de 1000 variantes genéticas causadoras da DF. Objetivos: Determinar a prevalência da doença de Fabry na população do estudo Rim Fabry Brasil por meio de rastreamento em pacientes da diálise e seus familiares. Caracterizar as variantes e a população do estudo, levando em conta as variáveis demográficas e clínicas presentes no questionário da triagem e na história clínica do paciente submetido ao exame de genotipagem. Avaliar as associações entre o genótipo e o fenótipo da doença de Fabry (variáveis demográficas, clínicas, diagnósticas, nível da Alfa Gal A e Lyso-Gb3). Métodos: Trata-se de um estudo transversal com dados secundários oriundos de 854 centros de diálise no Brasil, coletados no período de junho de 2013 a novembro de 2019. Foram analisados 75059 pacientes e os familiares dos positivos. Todos os dados coletados foram inseridos em um banco de dados. Um algoritmo foi criado para classificar a amostra de pacientes em diálise em: suspeitos de DF, sem suspeita de DF e pendentes de análise. Estes pendentes de análise foram analisados por especialista para decidir em qual grupo incluí-los: suspeitos ou não suspeitos. No grupo suspeitos, ficaram 6369 indivíduos que realizaram o teste de genotipagem. Os outros 68690 não realizaram o teste genético, mas tiveram os dados de sinais clínicos coletados. Resultados: Dos 75059 indivíduos triados, encontramos 408 indivíduos portadores de variantes para DF (0,54%). Na população triada a maioria era homens (58,4%), porém nos portadores de variantes houve uma inversão, sendo o sexo feminino a maioria (64,2%). Em relação a faixa etária, a população triada apresentava média de idade de 59,6 anos, já a com presença de variante, uma média de 42,7 anos. Na avaliação dos dados clínicos, a HAS foi a comorbidade mais frequente tanto nos indivíduos triados (79,39%) como nos com variante (17,89%). A região sudeste do Brasil foi a que mais triou (51,5%) e diagnosticou (79,7%). Encontramos 47 variantes diferentes, sendo a c.352C>T p.Arg118Cys a mais frequente (23,3%), com localização predominante em éxon. A variante heterozigótica foi mais prevalente (65%), e as variantes patogênicas (86%) também. Os níveis da enzima Alfa Gal A estavam alterados em 90% dos exames enquanto aos níveis de Lyso-Gb3 em 27,5%. Observamos que os sinais e sintomas mais prevalentes foram os neurológicos periféricos e transtornos gastrintestinais. Conclusões: Este é o primeiro estudo brasileiro sobre doença de Fabry de abrangência nacional, a triar homens e mulheres e mapear a junção exon-intron. A prevalência de DF na população geral do estudo (75059) foi de 0,54%. Considerando só a população que realizou o teste genético (6369), a prevalência foi de 6,40%. A idade média da população com DF foi de 42,7 anos. A DF foi mais frequente nas mulheres. Cinco variantes foram altamente frequentes entre os pacientes mutados, a mais frequente foi a c.352C>T p.Arg118Cys (24,8%). Observou-se associação genótipo/fenótipo em relação aos sintomas cardíacos e neurológicos. Encontramos diferença com significância estatística entre os pacientes com e sem variante, quanto aos níveis de Alfa-Gal A, Lyso-Gb3 e quanto a presença de sintomas renais. Os sinais típicos da DF (angioqueratoma e córnea verticilada) mostraram-se raros na população analisada.