Controle autonômico e hemodinâmico em pré-hipertensos com histórico familiar de hipertensão arterial

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Amaral, Josária Ferraz lattes
Orientador(a): Laterza, Mateus Camaroti lattes
Banca de defesa: Martinez, Patricia Fernandes Trevizan lattes, Lima, Jorge Roberto Perrout de lattes, Mansur, Henrique Novais lattes, Werneck, Francisco Zacaron lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Saúde Brasileira
Departamento: Faculdade de Medicina
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/7206
Resumo: Introdução: Indivíduos com histórico familiar de hipertensão arterial sistêmica (HAS) ou pré-hipertensão apresentam anormalidades autonômicas e vasculares, tanto em repouso quanto em resposta a situações estressoras. Tendo em vista que essas alterações estão relacionadas ao desenvolvimento da HAS e que nos indivíduos com histórico familiar de HAS há alta incidência de pré-hipertensão, o entendimento dessas disfunções em indivíduos pré-hipertensos com histórico de HAS é de fundamental importância. Objetivo: Comparar as funções autonômica e vascular em repouso e as respostas hemodinâmicas durante estresse mental e exercício isométrico de preensão manual de pré-hipertensos e normotensos com histórico familiar de HAS. Métodos: Vinte e cinco voluntários jovens com histórico familiar de HAS (30±5 anos, 24±4 kg/m²), sendo 14 normotensos (PAS: 116 [105-119], PAD: 67[60-71] mmHg) e 11 préhipertensos (PAS: 128[124-132], PAD: 75[71-75] mmHg) foram submetidos à avaliação da função vascular (hiperemia reativa, Hokanson®) e da modulação autonômica cardíaca e periférica, quantificada, respectivamente, por meio da análise espectral da frequência cardíaca (ECG) e da pressão arterial sistólica (FinometerPRO®). A análise da função de transferência foi utilizada para mensurar o ganho e o tempo de resposta do barorreflexo. Além disso, foram registrados pressão arterial, frequência cardíaca (Dixtal®), fluxo sanguíneo muscular do antebraço e calculada a condutância vascular do antebraço (Hokanson®) por 3 minutos durante o repouso e 1º, 2º e 3º minutos dos protocolos de estresse mental (Stroop Color Word Conflict Test) e de exercício isométrico de preensão manual a 30% da contração voluntária máxima (Saehan®). Os dados foram reportados como média ± desvio padrão ou como mediana [1º quartil - 3º quatil]. A significância estatística adotada foi de 5%. Resultados: Pré-hipertensos, em relação aos normotensos, possuem maior condutância vascular tanto em repouso (3,48±1,26 vs. 2,67±0,72 unidades; p=0,05, tamanho do efeito (TE): 1,13) quanto no pico hiperemia reativa (25,02±8,18 vs. 18,66±6,07 unidades; p=0,04, TE: 1,05). Os índices da modulação autonômica cardíaca foram semelhantes entre os grupos. Entretanto, na modulação autonômica periférica, foi observado, nos pré-hipertensos em relação aos normotensos, maior variabilidade (9,4 [4,9-12,7] vs. 18,3 [14,8-26,7] mmHg²; p<0,01) e maiores componentes espectrais de muito baixa (6,9 [2,0-11,1] vs. 13,5 [10,7-22,4] mmHg²; p=0,01) e baixa frequências (1,7 [1,0-3,0] vs. 3,0 [2,0-4,0] mmHg²; p=0,04) da pressão arterial sistólica. Adicionalmente, observamos menor ganho do controle barorreflexo nos pré-hipertensos em relação aos normotensos (12,16±4,18 vs. 18,23±7,11 ms/mmHg; p=0,03, TE:1,1), porém com tempo de retardo semelhante (-1,55±0,66 vs. -1,58±0.72 s; p=0,90). Durante todo o protocolo de estresse mental os grupos normotenso e pré-hipertenso aumentaram (deltas) significativa e similarmente a pressão arterial sistólica (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,70, efeito grupo: p=0,58), diastólica (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,35, efeito grupo: p=0,78) e média (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,82, efeito grupo: p=0,60), a frequência cardíaca (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,68, efeito grupo:p=0,66), o fluxo sanguíneo muscular (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,42, efeito grupo: p=0,91) e a condutância vascular do antebraço (efeito tempo: p=0,01, efeito interação: p=0,47, efeito grupo: p=84) em relação ao basal. Não sendo observadas diferenças entre as respostas dos grupos em nenhuma das variáveis. De modo semelhante, durante todo o protocolo de exercício isométrico, ambos os grupos aumentaram (deltas) significativa e similarmente a pressão arterial sistólica (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,35, efeito grupo: p=0,99), diastólica (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,93, efeito grupo: p=0,79) e média (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,89, efeito grupo: p=0,89) e a frequência cardíaca (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,65, efeito grupo:p=0,79 em relação ao basal. Porém, o fluxo sanguíneo muscular do antebraço aumentou em relação ao basal apenas no terceiro minuto (efeito tempo: p<0,01, efeito interação: p=0,62, efeito grupo: p=0,98) e a condutância vascular do antebraço (efeito tempo: p=0,06, efeito interação: 0,66, efeito grupo: p=0,92) se manteve semelhante ao basal em ambos os grupos estudados em todos os momentos. Não foram observadas diferenças entre os grupos em nenhuma das variáveis. Conclusão: Jovens pré-hipertensos com histórico familiar de HAS possuem disfunção autonômica e condutância vascular do antebraço aumentada quando comparados a normotensos com o mesmo fator de risco. Durante estresse mental e exercício físico, os grupos estudados apresentam resposta hemodinâmica semelhante. Adicionalmente, ambos os grupos apresentam disfunção vascular durante o exercício, caracterizada por ausência de vasodilatação durante essa manobra.