Registros de uma correspondência: as relações luso-brasileiras e a poética das metamorfoses em Jorge de Sena e Murilo Mendes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ferreira, Lucas Mendes lattes
Orientador(a): Pereira, Maria Luiza Scher lattes
Banca de defesa: Cruz, Carlos Eduardo Soares da lattes, Santos, Gilda da Conceição lattes, Alves, Ida Santos Ferreira lattes, Dias, André Monteiro Guimarães lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/8364
Resumo: Jorge de Sena e Murilo Mendes, ao longo dos exercícios de suas obras literárias e críticas, muito marcadas por outras artes, mantiveram uma interlocução de diferenças claras, em que incorporaram certos procedimentos e exploraram temas confluentes, oferecendo possibilidades instigantes nas relações comparatistas luso-brasileiras. Nesse aspecto, o presente trabalho se propõe a percorrer alguns caminhos para a abordagem crítica dos dois autores. Inicialmente, apresenta-se uma análise da correspondência inédita que estes mantiveram entre 1961 a 1975. Tal interlocução é composta por 13 cartas que foram escritas de Murilo para Jorge de Sena; 1 de Murilo para Mécia de Sena; 2 de Maria da Saudade Cortesão Mendes para o casal Sena; 8 de Jorge de Sena para Murilo e 1 para Maria da Saudade. As 25 missivas são analisadas pelo viés afetivo e pelo panorama político e literário vivido pelos dois poetas. Decorrente do estudo da correspondência, na configuração de um eixo associativo luso-brasileiro, procede-se a uma análise de artigos dos Estudos de Cultura e Literatura Brasileira (1988) e poemas de Pedra Filosofal (1950) em Jorge de Sena; e a uma análise de poemas de História do Brasil (1932) e Bumba-meu-Poeta (1933) e da prosa de Janelas Verdes (1970). A partir dessas leituras, propõe-se, finalmente, uma discussão do conceito de metamorfoses nos poemas de As Metamorfoses (1944), de Murilo Mendes, e Metamorfoses (1963), de Jorge de Sena. Logo, o viés metamórfico das artes é o ponto chave desse encontro, desde sua a influência com a obra Metamorfoses, de Ovídio, até os ideais transformativos das vanguardas do século XX, estabelecendo-se como um parâmetro literário para as poéticas de ambos. A análise esparsa de outras obras de poesia e prosa dos autores insere-se no projeto conceitual de metamorfoses na literatura. Ademais, os poetas travaram contatos com importantes escritores e artistas, das mais diversas áreas de conhecimento, nos países pelos quais peregrinaram como palestrantes e professores, reforçando a ideia de uma poética da cultura e da experiência, através das transformações no contato com o outro e, também, com outras paisagens. Assim, a referência das metamorfoses configura especificidades temáticas e do próprio estilo de escrita em relação à poesia luso-brasileira e cosmopolita do século XX, em que Murilo Mendes e Jorge de Sena apresentam com tratamentos diversos os mesmos temas críticos e poéticos.