Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Oliveira, Sarah Ovidio de
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Orientador(a): |
Braga, Humberto Fois
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Banca de defesa: |
Costa, Lucas Esperança da
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Faria, Diomira Maria Cicci Pinto
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Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
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Programa de Pós-Graduação: |
Programa de Pós-graduação em Letras: Estudos Literários
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Departamento: |
Faculdade de Letras
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País: |
Brasil
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Palavras-chave em Português: |
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Área do conhecimento CNPq: |
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Link de acesso: |
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16732
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Resumo: |
As categorias de espacialidades literárias (espaço, lugar, território e paisagem) podem ser apreendidas em amplitudes diegéticas, intrínsecas à trama e com elementos essenciais para o desenvolvimento da narrativa, e extradiegéticas, ao transcender os limites dos mundos representados nas narrativas e tangenciar aspectos do real. Contudo, apesar da dialética existente entre essas, torna-se crucial destacar que as espacialidades literárias diegéticas e extradiegéticas não operam de forma isolada e podem estabelecer relações entre si. Pensando nestas relações, direcionaremos o desenvolvimento desta pesquisa para a compreensão extradiegética da espacialidade literária, de modo que visamos destacar a relevância do leitor nos estudos literários e destinar elucidações acerca da recepção literária, com destaque para as teorias de Hans Robert Jauss (1994), estética da recepção, e Wolfgang Iser (1996), efeito de recepção. Assim, a presente pesquisa tem o objetivo de compreender como o universo construído diegeticamente por um escritor pode ser apropriado no dia-a-dia dos moradores das regiões que serviram de referencial-inspiracional. E como forma de alcançar este objetivo iremos investigar e traçar hipóteses sobre como o efeito da recepção literária do sertão mineiro de João Guimarães Rosa reverbera no cotidiano da paisagem de Cordisburgo (MG), cidade natal do autor. Desta forma, visamos apreender se, e como, a paisagem física de Cordisburgo configura-se a partir da reapropriação do universo sertanejo das obras de Guimarães Rosa, ou seja, se o escritor se inspirou na região que habitou para construir seu universo diegético, agora, queremos verificar como que os seus leitores contemporâneos, habitantes reais deste território, se apropriam desta criação artística para recriar a paisagem por onde transitam. A pesquisa se desenvolverá para além da apreensão de uma representação territorial, visando compreender o efeito da recepção do texto na sociedade-concidadã do escritor através da realização de pesquisa de campo de topônimos literários relacionados ao legado rosiano (à vida do autor ou às suas obras), utilizando e criando um método de análise que denominamos de arqueologia toponomástica (que tem como referência a arqueologia do saber de Foucault ([1969]2008) em conjunto com a toponomástica). Traçando relações e análises acerca dos topônimos literários inscritos e identificados na paisagem de Cordisburgo, alcançamos como resultados: i) a identificação de treze topônimos literários rosianos distribuídos pela paisagem da cidade; ii) os efeitos da recepção reverberando de modo extradiegético e tangível, apreendidos a partir de inscrições na paisagem da cidade, ocorrem com pouca adesão pelos concidadãos e pontualmente com nomes de lugares fazendo referência ao autor, personagens e obras; iii) dos topônimos identificados, apenas quatro são instituições que realizam atividades coletivas e contínuas com os objetivos de promover a divulgação da obra de Guimarães Rosa e proporcionar conhecimento e integração à comunidade (Museu Casa Guimarães Rosa, Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa, Associação dos Amigos do Museu Casa Guimarães Rosa; Biblioteca Pública Riobaldo e Diadorim); quatro são logradouros (Praça Miguilim, Portal Grande Sertão, Travessa Guimarães Rosa e ponto de ônibus com logo da Loja Sagarana); quatro estabelecimentos que fazem referência a literatura rosiana apenas no nome (Loja Sagarana; Auto Posto Guimarães Rosa; Panificadora; Lanchonete Vista Alegre; e Empório Sertão Veredas) e um estabelecimento tematizado a partir do contexto do sertão rosiano (Restaurante Sarapalha). Assim, concluímos que por mais que o município seja reconhecido como a cidade em que morou Guimarães Rosa e desenvolva ações relacionadas a perpetuação de seu legado literário, com projetos e eventos, os efeitos da recepção desta literatura na paisagem são pontuais, de modo que não podemos criar generalizações em relação a construção de uma identidade sociocultural ser pautada na literatura de seu concidadão. |