Passado e presente na paisagem: temporalidades da paisagem quilombola na ilha de Tinharé, Cairú (BA). 

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Almeida, Fabio Guaraldo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-21032022-153521/
Resumo: Registros históricos apontam o arquipélago de Tinharé, no município de Cairu, Bahia, como um dos locais onde a característica insular proporcionou condição favorável à formação de quilombos, no período escravista e pós. Este legado resultou em um município formado atualmente por uma maioria de afrodescendentes e comunidades autoreconhecidas quilombolas. Entender a dinâmica de formação, transformação e permanência dessa paisagem quilombola ao longo do tempo é o principal objetivo desse trabalho. Para tanto, uma proposta de pesquisa interdisciplinar entre arqueologia, história, geografia e antropologia foi desenvolvida junto com algus moradores da comunidade quilombola de Galeão, localizada na ilha de Tinharé. Através do levantamento de documentos históricos, prospecção arqueológica na ilha e trabalho etnográfico em Galeão, sítios históricos de diferentes períodos e características foram mapeados e alguns escavados. Trata-se de sítios de residências localizadas próximas a igreja jesuíta do século XVII, sítios de atividades específicas como as fontes de captação de água, os quais eram utilizados como pontos de encontro no antigo período colonial, sedes de fazendas escravistas do século XVIII, antigos e recentes acampamentos de pesca, trilhas, rios, áreas de roça, antigos assentamentos de quilombos, enfim, um conjunto de lugares repleto de memórias, narrativas e registros arqueológicos que ajudam a pensar a temporalidade da paisagem quilombola da ilha. Essa dinâmica e diversificada paisagem apresentada pelos quilombolas de Galeão e pesquisada pela perspectiva arqueológica, possibilita a superação da narrativa histórica colonialista restrita às relações polarizadas entre senhor/escravos, dominador/dominado, casa grande/senzala ao materializar as redes de solidariedade, relações econômicas, estratégias coletivas de resistência e ações cotidianas compartilhadas por comunidades de africanos e afrodescendentes nas condições de escravizados, forros, homens e mulheres livres, agregados e quilombolas. A partir destes dados pôde-se estabelecer elementos comparativos entre aspectos da territorialidade do passado e do presente, para pensar os fatores de permanências e transformação da paisagem quilombola local. Assim, este estudo pretende contribuir para: 1) os debates arqueológicos sobre as histórias regionais das populações afrodescendentes no Brasil; 2) as reflexões sobre as práticas arqueológicas que se pretendem descolonizadoras na contemporaneidade.