Aprendizado incidental de línguas e desenvolvimento de bilingualidade do aprendiz em contexto escolar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Mendes, Márjori Corrêa lattes
Orientador(a): Salgado, Ana Claudia Peters lattes
Banca de defesa: Ferraz, Daniel de Mello lattes, Weiss, Denise Barros lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Letras: Linguística
Departamento: Faculdade de Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/4648
Resumo: Os atuais processos de globalização (KUMARAVADIVELU, 2006), caracterizados principalmente pela popularização da internet no mundo, têm influenciado diretamente na maneira como entendemos e vivenciamos as mais diversas formas de contato linguístico em nossa vida cotidiana. Paradoxalmente, embora seja preciso lançar mão de diferentes práticas discursivas durante as interações diárias das quais participamos, parece que a relação língua estrangeira/escola no Brasil ainda se mostra um tanto quanto controversa. Dessa forma, torna-se imperativo pensar em novas estratégias e abordagens para o tratamento da língua estrangeira enquanto disciplina na sala de aula, a fim de que ela se alinhe às demandas dessa nova realidade na qual estamos inseridos. Para isso, porém, faz-se necessário abandonar a ideia de que o aprendiz precisa ser “proficiente” em uma língua e concentrar esforços em torná-lo capaz de (inter)agir dentro dos contextos nos quais transita – exercendo, portanto, o que chamaríamos de bilingualidade (SALGADO, 2008). Acreditamos, neste trabalho, que tal desenvolvimento pode ser potencializado por uma educação bilíngue de orientação dinâmica (GARCÍA, 2009), desde as séries iniciais da escolarização, caracterizada pelo foco no aprendiz e pela potencialização de interações ditas incidentais dentro de sala de aula, i.e., interações cujo foco se distancia do foco da aula em determinado espaço de tempo e, dessa forma, proporciona ao aprendiz oportunidades de aprendizado não previstas pelo professor. Esta dissertação se baseia num processo de descrição de estratégias de desenvolvimento da bilingualidade de aprendizes inseridos em contextos escolares através do aprendizado incidental (KERKA, 2000; VAZQUEZ, 2014; GRIM-FEINBERG, 2015). De forma mais específica, procuramos discutir também: i) quais são os desdobramentos de se ter o aprendiz como centro do processo de aprendizagem; ii) como fomentar o aprendizado incidental dentro do contexto escolar; e iii) a importância de se desenvolver a agentividade dos aprendizes em seus processos de construção de conhecimento. Para tanto, foram analisados documentos (a saber, notas expandidas, vídeos e relatórios) produzidos a partir de dois contextos, nos quais crianças aprendizes de inglês começaram sua exposição à língua inglesa na faixa etária dos 03 aos 08 anos e tiveram suas aulas elaboradas e executadas a partir desta concepção de educação bilíngue. A fim de entender como se dava este processo, as interações documentadas foram mapeadas em três categorias: interações do tipo aprendiz-aprendiz, aprendiz-contexto e aprendizprofessor. A análise destes dados aponta para o fato de que: i) além da bilingualidade foi possível notar o desenvolvimento de outras habilidades nos aprendizes, como suas práticas de letramento na língua estrangeira em questão; ii) apesar das peculiaridades de cada contexto, os aprendizes se mostraram muito engajados e disponíveis às aulas, o que contribuiu significativamente para o seu desenvolvimento lingüístico; e iii) o aprendizado incidental se configura, de fato, como uma importante ferramenta no processo de desenvolvimento da bilingualidade dos aprendizes inseridos em contexto escolar, e recomenda-se, portanto, que seja fomentado através das abordagens metodológicas escolhidas por cada instituição.