A construção do ser educadora no contexto da EJA em espaços de privação de liberdade

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Gabriel, Fabiana lattes
Orientador(a): Cassab, Mariana lattes
Banca de defesa: Marques, Luciana Pacheco lattes, Rodrigues, Fabiana de Moura Maia lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://doi.org/10.34019/ufjf/di/2021/00264
https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/13569
Resumo: A Educação de Jovens e Adultos em espaços de privação de liberdade é um campo de estudos que tem se consolidado entre as pesquisas educacionais no país. Todavia, esta temática ainda é silenciada nos cursos de licenciatura, que dedicam grande parte do tempo ao trabalho com conteúdos disciplinares e suas metodologias de ensino. De modo geral, a Educação de Jovens e Adultos aparece de maneira pontual nos currículos dos cursos de formação, visto que nas poucas oportunidades de debate sobre os educandos, o foco está nas crianças e em seus processos de aprendizagem. Assim, grande parte das educadoras chegam às escolas inseridas nas Unidades Prisionais sem nenhum tipo de discussão ou contato com a educação escolar desenvolvida nos espaços de privação. Diante do ineditismo da escola na prisão, que em nada se assemelha às suas experiências escolares anteriores, como educanda e/ou professora, e da falta de preparo nos cursos de licenciatura, as docentes se veem diante do desafio de forjar a experiência profissional neste espaço. Desta forma, o objetivo deste estudo é compreender como se dá o processo de construção do ser educadora no contexto da Educação de Jovens e Adultos em um espaço de privação de liberdade. O diálogo entre o pensamento freiriano e os autores do campo da Educação de Jovens e Adultos em espaços de privação e restrição de liberdade, como Elionaldo Fernandes Julião e Elenice Maria C. Onofre, suleia a perspectiva teórica da pesquisa. O trabalho que se configura como uma pesquisa qualitativa, se valeu de entrevistas narrativas como instrumento para a produção de dados. Foram realizadas quatro entrevistas temáticas com cada uma das três educadoras que foram sujeitas na pesquisa por possuírem experiência profissional na escola da Penitenciária Ariosvaldo de Campos Pires, em Juiz de Fora. Quatro categorias foram elencadas para o trabalho de análise dos dados produzidos a partir das entrevistas, a saber: (i). medo; (ii). leitura do educando enquanto sujeito oprimido; (iii). dialogicidade; (iv). educação libertadora. Educar o medo, os limites impostos pela dinâmica interna da prisão, a escassez de recursos didáticos, a estrutura física do espaço e a difícil relação entre escola e equipe de segurança, são alguns dos desafios que as professoras enfrentam para se constituírem educadoras no contexto de privação. Apesar dos desafios e das contradições impostas pelo sistema prisional, as educadoras acreditam que o diálogo pauta o trabalho educativo na escola, assim, a escuta e a atenção aos educandos são apontadas como elementos considerados na construção de suas práticas educativas. A experiência docente no espaço de privação atravessa não só a vida profissional das educadoras, que hoje se sentem mais atentas e disponíveis para ouvir e considerar os anseios dos educandos, como também as suas subjetividades. A concepção do que é ser professora é afetada pela docência no cárcere. Ser educadora no contexto de privação, exige que em alguma medida, elas desempenhem o papel de psicólogas, conselheiras, ouvintes, e até assistentes sociais, exigência que prescinde da crença na humanidade e em sua vocação a ser mais.