Ciência moderna e triunfo da religião: análise de um prenúncio de J. Lacan em uma coletiva de imprensa de 1974

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Godoi, Bernardo Sollar lattes
Orientador(a): Noé, Sidnei Vilmar lattes
Banca de defesa: Simanke, Richard Theisen, Carvalho, Wanderley Magno
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião
Departamento: ICH – Instituto de Ciências Humanas
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/10059
Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo analisar o prenúncio referente ao futuro da religião, realizado pelo psicanalista francês Jacques Lacan em uma coletiva de imprensa de 1974, concedida a jornalistas italianos por ocasião de um congresso da Escola Freudiana de Paris, em Roma. Partindo de uma cuidadosa desconfiança quanto à pertinência e legitimidade da afirmação do autor, justificada pela frequência com que utiliza jogos linguísticos, frases de efeito e ironias, constatou-se certa coerência e consistência entre este prenúncio e outras passagens em sua obra. Dessa forma, construiu-se um caminho de interpretação da coletiva de imprensa, iniciando uma breve apresentação da teoria lacaniana acerca da constituição do sujeito e de sua realidade, utilizando as principais teses sobre os registros psíquicos – o imaginário, o simbólico e o real. Nesse momento, percebeu-se certa importância dos registros do imaginário e do simbólico para a constituição da realidade humana; enquanto o real exerceria um efeito disjuntivo dessa realidade. Em seguida, esboçou-se um quadro panorâmico do pensamento lacaniano acerca da ciência moderna, constatando dois movimentos: (a) um de apreensão idiossincrática da ciência, visando certa “cientificidade” da psicanálise, principalmente a partir das pesquisas de Alexandre Koyré; e (b) outro de interpretação da própria ciência. Embora os dois, muitas das vezes, não se encontram claramente dissociados, o destaque a esse segundo movimento foi mais preponderância para compor o argumento central, pois permitiu articular os impactos subjetivos da intervenção da ciência moderna na realidade humana, apontados pelo autor, inclusive, na própria coletiva de imprensa. Por fim, foram investigadas algumas considerações relativas ao tratamento do tema “religião”, de forma generalista na obra do autor, para, posteriormente, focar nos pontos destacados a partir da intervenção de 1974, como a ideia de “verdadeira religião” e de “sentido”. Isso possibilitou costurar as relações encontradas entre ciência (moderna), real, angústia e sentido, intricada no prenúncio do triunfo da religião.