A (Des)construção das plantas medicinais como um objeto de valor: um estudo semiótico na região de Dourados-MS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Schneider, Carla Andreia lattes
Orientador(a): Limberti, Rita de Cássia Aparecida Pacheco lattes
Banca de defesa: Martins, Geraldo Vicente lattes, Santos, Paulo Sérgio Nolasco dos lattes, Batistote, Maria Luceli Faria lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Letras
Departamento: Faculdade de Comunicação, Artes e Letras
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/1210
Resumo: Este estudo teve por objetivo depreender os percursos gerativos de sentido do objeto de valor “plantas medicinais”, descrevendo a sua construção ou a sua reconstrução a partir do discurso produzido sobre elas. Também foi realizada a descrição do processo identitário resultante do encontro étnico-racial entre a comunidade acadêmica e as comunidades pesquisadas. A perspectiva teórica fundamentou-se na Semiótica greimasiana - lançando mão de contribuições da Análise do Discurso Francesa - acerca do discurso científico, do senso comum/conhecimento tradicional, da subjetividade, da identidade e das relações dos sujeitos com o objeto de valor. Foi realizada uma análise comparativa e descritiva dos discursos que constituem o corpus da pesquisa: trabalhos de conclusão de curso (TCC) realizados em 2011 pela comunidade acadêmica do curso de graduação em Licenciatura Indígena da Faculdade Intercultural Indígena da UFGD. Os resultados mostraram que a construção da identidade apresentada no discurso científico sobre as plantas medicinais apresenta-se como consolidada e generalizada no estereótipo do especialista competente que ora evidencia mais claramente o conhecimento científico como legítimo e apropriado; ora neutra, quando desempenha o papel de inventariante; ou de resgatador, ao registrar, catalogar e preservar o conhecimento tradicional. Dessa forma, o processo identitário construído no discurso científico sobre as plantas medicinais revelou o conflito das identidades entre as comunidades indígena e científica, assim como a busca pela agregação das culturas que garante empoderamento da comunidade indígena; apesar disso, a assimilação promovida pelo conhecimento científico é preponderante, gerando desigualdade. Assim, concluímos que houve um deslocamento de sentidos do objeto (plantas medicinais) determinado pelos sujeitos da comunidade acadêmica em relação aos sentidos que a comunidade indígena possuía sobre esse objeto. Tal deslocamento produziu a oscilação da intensidade das práticas culturais em relação às plantas medicinais e contribuiu para a (des)construção da identidade das comunidades indígenas. Ou seja, em função das práticas discursivas da comunidade não-indígena, o uso das plantas medicinais necessita de um aporte científico que lhe confira atributos capazes de proporcionar credibilidade (uso correto e seguro), bem como que seja resgatado e registrado como forma de valorização da cultura indígena.