Resumo: |
Esta pesquisa tem como tema analisar a presença dos bolivianos na cidade de Corumbá-MS, buscando a compreensão da participação dos mesmos na produção de geografias e de fronteiras na cidade. Objetiva compreender a produção de situações de fronteira, identificando os conflitos visíveis e invisíveis na produção de geografias na cidade de Corumbá-MS, considerando a participação dos bolivianos. Eles adentram a cidade e participam do cotidiano urbano, produzindo territorialidades permeadas por aproximações sociais e conflitos, configurando rompimento e a produção de fronteiras. É uma pesquisa qualitativa com levantamento de dados, observação da paisagem urbana; uso de técnicas de história oral; observação e pesquisa participante; análises de cunho bibliográfico-documental; entrevistas gravadas, escritas e diálogos registrados em “caderno de campo”. Quanto à análise da presença dos bolivianos em Corumbá-MS, nota-se que para eles a cidade é tida como lugar de oportunidades para segmentos da sociedade boliviana ligados ao comércio, feiras e prestação de serviços, o que impulsiona o fluxo imigratório, dia após dia, alterando, conformando e enfrentando as fronteiras que se estabelecem. A presença dos bolivianos é notada pela paisagem desenhada nos bairros que eles ocupam, principalmente na borda oeste da cidade, como também pela sua presença no uso de serviços públicos brasileiros como a saúde, por exemplo. Esta, por sua vez, a mais almejada pelos imigrantes que chegam e pelos os que ainda se encontram do outro lado. Depois de quase três séculos de sua existência, desde que foi fundada como um vilarejo, Corumbá-MS ainda continua sendo o lugar de oportunidades para muitos vizinhos bolivianos. Eles se instalam do lado de cá, no Brasil, ocupando, produzindo e imprimindo uma nova geografia, notada, principalmente nos bairros da borda oeste da cidade que concentram o maior número de seu comércio instalados e consequentemente o maior número de residentes. A situação fronteiriça e a construção social do lugar que afloram da convivência entre bolivianos e brasileiros na cidade de Corumbá-MS aponta que a fronteira a ser transposta, cotidianamente, não é a dos limites territoriais entre os dois países, mas sim a que se estabelece no urbano, reforçadas pelas diferenças socioculturais das duas nacionalidades. |
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