Cecília Meireles, as meninas e sua educação: (1901 a 1940)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Xavier, Nubea Rodrigues lattes
Orientador(a): Oliveira, Magda Carmelita Sarat lattes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/380
Resumo: Esta tese compõe-se de uma temática que aborda estudos interdisciplinares priorizando as abordagens da literatura, história da educação e da sociologia figuracional de Norbert Elias, com foco nas relações sociais e as práticas culturais. O objetivo geral desta pesquisa foi analisar as percepções e composições do feminino pela autobiografia e produção jornalística de Cecília Meireles, averiguando como a educação de meninas normatiza as práticas femininas, considerando os períodos de 1901 a 1940. Como objetivos específicos, buscamos: analisar as percepções sobre as infâncias e as representações das identidades femininas nas configurações sociais do período estudado; apresentar quais elementos da formação e individualização da menina e mulher Cecília Meireles a constituíram enquanto educadora, intelectual e jornalista; e, finalmente, fazer uma reflexão sobre os processos de engajamento social feminino e sua atuação jornalística no cenário político do país, rompendo com práticas e representações sociais consolidadas. A escolha por essa autora justificou-se por ela ter sido educadora, e por ter publicad o uma diversidade de produções literárias, entre as quais destacamos sua autobiografia intitulada Olhinhos de Gato, lançada entre 1939 e 1940 e eleita como fonte por retratar sua convivência familiar e social. Sua infância e formação se constituíram em um ambiente pautado em comportamentos, padrões e regras sociais permeadas por mudanças na balança e nos equilíbrios de poder entre grupos. Para além das reminiscências infantis da escritora e de sua produção literária sobre esse período, ela participou, ativamente, do processo de constituição de uma nova identidade para a educação brasileira, propondo elevar e respeitar a criança como sujeito social. Cecília atuou como defensora da educação brasileira, publicando materiais pedagógicos como cartilhas e livros infantis e escrevendo diariamente no jornal Diário de Notícias, na seção Página de Educação ‒ coluna Comentário ‒, no período de 1930 a 1933. Foram produções que também escolhemos como fonte de nossa pesquisa, pois nelas a autora, concomitantemente com sua autobiografia, travou embates, publicou críticas e orientações sobre educação. As publicações jornalísticas de Cecília tiveram grande alcance, atingiram educadores em defesa aos direitos da criança, suscitaram disputas com intelectuais, governantes e responsáveis pelas diretrizes educacionais do período. Delimitou-se como ponto crucial desta pesquisa, compreender como as redes de interdependência atuaram sobre os comportamentos e as posturas femininas definindo as funções e as figurações sociais na balança de poder entre os indivíduos. Nesse aspecto, os estudos sociológicos de Norbert Elias apontam que as figurações nos grupos sociais, conforme suas condições interdependentes e seu poder permitem inferir na produção sobre o feminino, os modos e os lugares deste feminino construindo distintas interpretações e representações. Para tanto, buscou-se na escrita da Cecília Meireles, indicações que nos faça perceber prenúncios, lacunas, rupturas, estratégias e indicações simbólicas sobre o que é ser menina e mulher. A tese defendida, fundamentada na literatura e na escrita jornalística de Cecília Meireles, é de que a formação de comportamentos femininos dispostos em normatizações, preceitos e regras sociais, presentes nas figurações relacionais de poder vividas pela escritora, determinou a produção de práticas femininas no período. Como resultado buscou-se compreender as estratégias de resistência da autora, presentes na sua obra e na sua trajetória, considerando seu engajamento político e social, especialmente em sua atuação enquanto jornalista, educadora e mulher.