A Educação escolar de indígenas surdos Guarani e Kaiowá: discursos e práticas de inclusão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Coelho, Luciana Lopes lattes
Orientador(a): Bruno, Marilda Moraes Garcia lattes
Banca de defesa: Nascimento, Adir Casaro lattes, Vieira-Machado, Lucyenne Matos da Costa lattes, Silva, Thaise da lattes, Santos, Reinaldo dos lattes, Cruz-Aldrete, Miroslava
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/925
Resumo: O atendimento escolar de estudantes surdos está em processo de constituição nas escolas localizadas em terras indígenas do Mato Grosso do Sul (MS). Nessas escolas, a valorização da língua e da cultura dos povos Guarani e Kaiowá tem sido central na luta por uma escolarização diferente. O estudo nesse contexto teve como objetivo investigar os discursos que circulam sobre as diferenças. Os objetivos específicos foram: a) Mapear os discursos/enunciados dos profissionais da educação indígena sobre a escola e a constituição de uma educação escolar diferenciada nas comunidades indígenas; b) Analisar os discursos que circulam nas comunidades pesquisadas sobre as diferenças dos sujeitos surdos; c) Problematizar as experiências de ensino de alunos surdos e estratégias linguísticas e didáticas utilizadas a partir das práticas narradas pelos professores; d) Analisar as relações de saber e poder envolvidas na invenção de uma educação inclusiva na escola diferenciada indígena. A fundamentação teórico-metodológica aborda os pressupostos da teoria pós-crítica, com a discussão dos resultados a partir das ferramentas conceituais resistência, educação menor e hospitalidade linguística propostas pelos autores Michel Foucault, Gilles Deleuze, Silvio Gallo e Paul Ricoeur. O estudo foi realizado em seis escolas localizadas nas terras indígenas Amambai, Limão Verde, Taquaperi e Takuaraty/Yvykuarasu (Paraguassu) no sul do MS. Participaram do estudo gestores da educação municipal, diretores escolares, coordenadores pedagógicos das escolas, professores e uma estudante. Foram utilizados procedimentos da etnografia pós-crítica tais como: entrevistas observações das interações e dos recursos pedagógicos, diálogos com sujeitos da escola, análise documental e registros fotográficos, os quais serviram de elementos para a análise dos discursos. Os resultados indicam que, apesar da proposta pedagógica das escolas visitadas ser o ensino do guarani e do kaiowá como língua de instrução e o ensino do português como segunda língua, para os estudantes surdos, o ensino tem priorizado a alfabetização em língua portuguesa, que é a língua majoritária dos materiais didáticos, e da Língua Brasileira de Sinais - Libras, quando existem profissionais habilitados. O estudo problematiza que o modelo educacional proposto para as escolas indígenas brasileiras baseados no ensino da língua materna indígena como primeira língua e da língua hegemônica como segunda língua não se aplica aos estudantes surdos. As estratégias de ensino que estão sendo utilizadas invisibilizam as línguas de sinais e as diferenças culturais dos estudantes indígenas surdos e não contribuem para a manutenção e valorização das línguas maternas nas comunidades indígenas.