Epidemiologia molecular das leishmanioses no sul de Mato Grosso do Sul

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Clementino, Jaciel de Oliveira lattes
Orientador(a): Neitzke-Abreu, Herintha Coeto lattes
Banca de defesa: Marchioro, Silvana Beutinger lattes, Maciel, Marjorie Ester Dias lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Ciências da Saúde
Departamento: Faculdade de Ciências da Saúde
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/1078
Resumo: As leishmanioses são zoonoses de grande prevalência mundial, com letalidade significativa reconhecida em seres humanos há mais de um século, e continuam a atingir amplas populações apesar dos esforços para contê-las. No Brasil, as leishmanioses encontram-se presentes em todos os estados, configurando-se como um problema de saúde pública dada o seu grau de mortalidade quando não diagnosticada e tratada corretamente. Nesse sentido o presente estudo teve como objetivo determinar o perfil epidemiológico e molecular das leishmanioses no sul do Mato Grosso do Sul, contribuindo para melhoria no diagnóstico e tratamento dos pacientes acometidos por leishmaniose. Para tal, realizou-se um estudo epidemiológico descritivo, dividido em três etapas: na primeira etapa foi realizado um estudo retrospectivo com análise das as notificações para Leishmaniose Visceral (LV) e Leishmaniose Tegumentar (LT), disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Dourados de 2007 a 2017, totalizando 112 notificações, dessas, 62 casos foram de LV e 50 de LT, em relação aos casos de LV, 33,81% dos indivíduos eram de Ponta Porã, 80,77% dos casos foram autóctones e 67,86% deles tiveram a área urbana como local de infecção, em 67,75% do casos os indivíduos foram do sexo masculino e 27,41% tinha faixa etária entre 1-4 anos. O diagnóstico laboratorial foi realizado em 90,32% e em 8,06 havia coinfecção com HIV. A medicação de primeira escolha, para o tratamento, foi a Anfotericina B em 55,56% dos casos e a evolução para óbito foi de 11,11% dos casos. Nos casos de LT, em 60,0% dos casos eram de Dourados, 92,0% foram casos novos e 52,0% dos casos eram a forma mucosa. Verificou-se que 72,0% eram do sexo masculino e 26,0% tinham a faixa etária de 41-59 anos de idade. Diagnóstico laboratorial foi realizado em 90,0% e em 13,33% havia coinfecção com HIV. O uso de Antimonial Pentavalente foi em 70,0% dos casos e a cura foi de 100%. A segunda etapa consistiu em relatar um caso de um paciente de 54 anos, douradense, hipertenso, tabagista, com história de residir por um ano na capital do Mato Grosso do Sul. Nesse período, o mesmo apresentou uma perda síndrome consumptiva de 26 kg em menos de um ano devido a inapetência, com histórias sucessivas de buscas ao sistema de saúde para resolução do seu problema, o qual teve como diagnóstico inicial uma anemia. Ao regressar para Dourados em 2017, buscou o sistema de saúde local, onde realizou diversos exames de sangue e de imagem com o objetivo de investigar tuberculose pulmonar e HIV. Devido ao agravamento do quadro clínico do mesmo, foi necessária à sua internação no Hospital Municipal com posterior transferência para um leito da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário local, o qual é referência em infectologia da região da Grande Dourados. O paciente necessitou de ventilação mecânica via tubo orotraqueal, consequência da insuficiência respiratória aguda, apresentando-se hipotenso, taquicardíaco, afebril. Embora o paciente tenha buscado ajuda no sistema de saúde por um período de aproximadamente dois anos, o diagnóstico para LV foi confirmado laboratorialmente, no dia seguinte ao óbito (materiais biológicos coletados no decimo dia de internação), pelo teste sorológico de reação de imunoflorescência indireta (RIFI) reagente (título ≥ 1:160), pela pesquisa direta de aspirado de medula óssea mostrando formas amastigotas sugestivas de Leishmania spp. Para a terceira etapa foram analisadas amostras biológicas (sangue periférico, biopsia de lesão e/ou sangue medular) de 100 pacientes. Para 55% dos casos o sexo foi masculino, a média de idade foi de 42,57 anos, 50% dos casos eram de Dourados, a febre estava presente 32% dos casos. As comorbidades diagnosticadas foram: HIV em 6,0% (6) dos casos; Diabetes mellitus e Hipertensão arterial em 6,0% (6); Insuficiência renal aguda (IRA) em 4,0% (4); Insuficiência renal crônica (IRC) em 3,0% (3); Sífilis em 3,0% (3); Artrite reumatoide em 2,0% (2). A PCR foi positiva no sangue periférico de 15,0% (15) dos casos, sendo que em dois pacientes coinfectados com HIV apenas a PCR foi positiva. O teste rápido foi positivo em 12,0% (12) dos casos. A PD foi positiva em 6,0% (6). A RIFI foi positiva em 4,0% (4) e indeterminada em 3,0% (3) dos casos. Em 7,0% (7) dos casos apenas o teste rápido foi positivo. Em 8,0% (8) dos casos só a PCR foi positiva. A PD e a PCR foram positivas simultaneamente em 4,0% (4) dos casos e em apenas 5,0% (5) dos casos, tanto o teste rápido quanto a PCR, tiverem resultados positivos. A taxa geral de óbitos foi de 6,0% (6), sendo 3 pacientes coinfectados com HIV.