Trajetórias docentes: memórias de professores homens que atuaram com crianças no interior de Mato Grosso do Sul (1962-2007)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Faria, Adriana Horta de lattes
Orientador(a): Oliveira, Magda Carmelita Sarat lattes
Banca de defesa: Rodrigues, Elaine lattes, Furtado, Alessandra Cristina lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de pós-graduação em Educação
Departamento: Faculdade de Educação
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/1109
Resumo: A atuação docente com crianças tem sido atribuída majoritariamente às mulheres, isso devido a concepções históricas de que características ditas femininas, associadas principalmente à maternidade, como paciência e abnegação, são mais adequadas para a educação de crianças. Homens em ambiente escolar lecionando para crianças são mais raros e, para muitos, eles não seriam os mais adequados para a tarefa, pois representam a força, a rigidez, entre outros adjetivos. Partindo dessas concepções, a pesquisa buscou elucidar a participação masculina na história da docência com crianças. O locus empírico envolveu quatro municípios do extremo sul do estado de Mato Grosso do Sul/Brasil. Ao pesquisar as memórias de 3 professores atualmente aposentados, esse conhecimento pode estimular a reflexão com novos professores, além de contribuir para a construção da história da prática docente, discutindo os estereótipos de gênero na profissão. Para tanto, foi utilizada como recurso a História Oral Temática, na qual as entrevistas foram gravadas em áudio, transcritas e textualizadas, seguindo os procedimentos metodológicos desse campo de estudos. As análises se apoiaram principalmente no referencial teórico das obras de Norbert Elias. Os professores, ao recordarem os motivos que os levaram a trabalhar na docência com crianças, apontaram que esse processo foi parte de uma inserção não planejada, ou como diria o Elias, foi um “processo cego”. As memórias desses professores possibilitaram analisar temas como: o trabalho docente, a inserção masculina no magistério, o ambiente das escolas rurais multisseriadas e os modelos pautados em inferências de gênero. Segundo os entrevistados, por serem do sexo masculino e carregarem atributos de gênero marcados por características como fortes, corajosos e ousados, poderiam desempenhar melhor o trabalho nas áreas rurais, enfrentando problemas geográficos, intempéries, longas distâncias e dificuldades naturais do ambiente rural caso surgissem. Sobre os desafios enfrentados na atuação em uma profissão histórica e sexotipificada como feminina, ao atuarem afirmaram que não percebiam diferença entre o trabalho de homens e de mulheres. No entanto destacam, a vigilância dos pais e familiares, fazendo com que continuamente comprovassem sua competência e confiança para continuar trabalhando com as crianças. Ao analisar as memórias desses professores, foi possível perceber que a responsabilidade da educação das crianças não se reduz a atributos sócio construídos de gênero, mas a capacitação profissional, que, independentemente, desses elementos, precisa formar o docente para exercer o seu lugar na educação.