Crianças assentadas e educação infantil no/do campo: contextos e significações

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Silva, Juliana Bezzon da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-13032013-090524/
Resumo: O objetivo deste estudo foi compreender as vivências das crianças nas turmas de educação infantil em assentamentos rurais e analisar significações sobre a educação infantil no/do campo nesses contextos. Para isso, foram realizadas pesquisas de campo em instituições de educação infantil de dois assentamentos rurais da região nordeste do Estado de São Paulo. Os procedimentos para construção do material empírico foram: observação participante com registro em diário de campo durante o período de um mês em cada; entrevistas semiestruturadas com familiares (quatro participantes de cada assentamento), professores (duas participantes em cada), outros profissionais da educação (em um assentamento: diretora e monitora do ônibus; no outro: diretora e coordenadora pedagógica) e crianças de cinco anos de idade (quatro participantes em cada assentamento). O material construído foi analisado e integrado de acordo com a perspectiva teórica e metodológica da Rede de Significações, em diálogo com a proposta de etnografia de Elsie Rockwell e com a proposta de metodologia para análise de conteúdo de John B. Thompson. Os resultados das interpretações apontaram para: (a) a forte presença de significações sobre a alfabetização observada nas atividades da educação infantil e pelos discursos sobre a importância da alfabetização para as crianças desde seus anos iniciais visando melhores condições de vida; (b) a necessidade de autonomia político-pedagógica e administrativa para as escolas do campo; (c) a formação e trajetória de vida das professoras repercutindo nas interações pedagógicas com as crianças do campo; (d) as vivências das crianças marcadas pela interação com a natureza e com as atividades agropecuárias; (e) e as possibilidades de articulação entre o contexto rural e as práticas pedagógicas. A instituição educacional demonstrou-se como espaço privilegiado para o contato intencional e pedagogicamente planejado das crianças com a natureza, a tecnologia e o mundo urbano e rural, correspondendo a uma educação que prioriza o desenvolvimento integral e a abertura para os conhecimentos produzidos pela humanidade. Além disso, o contexto de assentamento rural apresentou-se como espaço rico e desafiador para a atividade pedagógica, em que as crianças desenvolvem-se e demandam explicações e sentidos sobre sua realidade e sobre o mundo. De modo geral, o desenvolvimento das crianças do campo pôde ser compreendido nas interações entre natureza, pessoas, criações e cultivos e movimentos sociais, em profunda relação com a terra. Essas interações compõem processos de significações sobre o mundo e o contexto local, que constituem parte do desenvolvimento cultural das crianças. O modo de compreender a vida no Assentamento rural, a natureza e as possibilidades de experimentá-la evidenciaram significações que permitem questionar-se como a escola, enquanto espaço coletivo de educação formal, lida com e amplia as possibilidades de compreensão da relação das crianças com o mundo.