Conhecimentos tradicionais Guarani e Kaiowá como fontes de autonomia, sustentabilidade e resistência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pavão, Sônia lattes
Orientador(a): Gisloti, Laura Jane lattes
Banca de defesa: Mota, Juliana Grasiéli Bueno lattes, Colman, Rosa Sebastiana lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal da Grande Dourados
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Educação e Territorialidade
Departamento: Faculdade Intercultural Indígena
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/4544
Resumo: No sudoeste do Mato Grosso do Sul, a Mata Atlântica e o Cerrado têm passado por um processo de brutal degradação, sofrendo com diversas agressões que vão desde a contaminação por agrotóxicos até o desmatamento total de seus ecossistemas. Assim, como os biomas da região, indígenas das etnias Guarani e Kaiowá travam uma batalha contra o Estado e os latifundiários, à fim de garantirem a sobrevivência física e cultural de seu povo, a qual está intimamente atrelada com a conservação desses biomas nos territórios desses povos indígenas. Este trabalho é fruto de uma investigação preliminar que teve como objetivo registrar, refletir e conscientizar a respeito da importância dos conhecimentos tradicionais Guarani e Kaiowá sobre a flora e a fauna, a fim de dialogar com a conservação desses dois biomas como garantia de segurança socioterritorial e soberania alimentar para a comunidade. Para isso foi realizada uma parceria entre a escola indígena da Aldeia Limão Verde, do município de Amambai e a comunidade local, com o objetivo de refletir e conscientizar sobre a importância da conservação das riquezas naturais para garantia do bem-estar físico, social e cultural da comunidade em questão. Além da comunidade escolar, buscou-se o envolvimento de rezadoras, enfermeiros e psicólogos que contribuíram com as reflexões acerca da conservação ambiental e dos conhecimentos tradicionais. Como metodologia recorremos à revisão bibliográfica, à participação observante, a entrevistas livres, às oficinas participativas e às visitas guiadas. De acordo com a comunidade Guarani e Kaiowá da Aldeia Limão Verde, o Cerrado e a Mata Atlântica vem sofrendo com o desmatamento desde a chegada dos colonizadores, no entanto, o remanescente desses biomas na aldeia tem se regenerado no decorrer dos anos e vem oferecendo sustento para a comunidade através da oferta de alimentos saudáveis, como as frutas nativas, as plantas e animais medicinais e as árvores para construção de casas. Já os professores em específico realçaram que projetos de pesquisa como este, que visam a reflexão e conscientização ambiental são positivos pedagogicamente, pois envolvem de maneira significativa as/os estudantes que passam a se interessar pela escola e assim contribuem para a diminuição da evasão escolar. O estudo contou com a participação de professores cursistas dos “Saberes Indígenas na Escola” que colaboraram no desenvolvimento da proposta através da oferta de palestras e oficinas participativas voltadas para a valorização das riquezas naturais do entorno. Pudemos concluir com a realização deste trabalho que avançamos bastante a respeito da conscientização e reflexão sobre a importância dos conhecimentos tradicionais Guarani e Kaiowá como estratégia para a conservação ambiental e para a resistência desta comunidade, porém é preciso garantir políticas públicas efetivas e específicas para as escolas indígenas, como por exemplo a elaboração de materiais didáticos que abordem o tema. Contudo, de importância semelhante, é necessário ampliar e fortalecer os espaços de construção de movimentos indígenas auto-organizados, para que as pautas e demandas sejam construídas a partir da visão específica dos povos. Concluímos que a tentativa de diálogos interdisciplinares entre a escola, a comunidade escolar e as mestras e os mestres tradicionais são de grande importância na garantia da autonomia e respeito às populações indígenas e a seus territórios.